O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse hoje que recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a determinação para a "completa despartidarização" da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero). Jobim reuniu-se com Lula ontem à noite por cerca de duas horas, no Palácio do Planalto.
Durante sessão na CPI da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a crise aérea, Jobim informou aos deputados ter recebido carta de demissão do diretor de segurança operacional, investigação e prevenção de acidentes aéreos da Anac, coronel Jorge Brito Velozo. Disse que quer resolver em quinze dias as substituições tanto de Velozo como da ex-diretora Denise Abreu, que renunciou ao cargo sexta-feira.
Ele explicou que as substituições devem ser feitas de forma rápida porque, para tomar decisões, a Anac precisa ter pelo menos três ocupantes no cargo, sinalizando que a saída do atual diretor-presidente, Milton Zuanazzi, poderia ser adiada. "Pretendemos resolver todo o problema em quinze dias". Jobim contou ter recebido "não digo pressões, mas solicitações" de nomes para diretorias que seriam de partidos políticos. Avisou, no entanto, que isso prejudicaria a operacionalidade.
Ninguém quer
Ele reconheceu que tem encontrado dificuldade para encontrar os substitutos para os dois diretores da Anac e para os cargos na Infraero. "Não é fácil conseguirmos reposições porque ninguém quer entrar nessa história. Antes, todos queriam", disse ele, ao comentar que os nomes sondados para a Anac ainda não foram fechados. "Os nomes sondados dizem ‘isso é abacaxi; eu não vou entrar nessa coisa’", comentou.
Ele traçou um perfil para os novos dirigentes. É preciso, informou, uma pessoa que conheça o sistema de fiscalização e regulação, além de economia, referindo-se ao cargo deixado por Denise Abreu. Também é preciso alguém que conheça de transporte aéreo, referindo-se ao posto ocupado por Jorge Velozo. Ele lembrou que todos têm de entender de operações do mercado aéreo.