Alto Araguaia – Como se estivesse em um palanque eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou ontem na cidade de Alto Araguaia (MT), prometendo, entre outras coisas, renovar o sistema de transportes no País e provar que vai fazer em “quatro anos o que os outros não fizeram em dez ou em 15 anos”. Ele participou da inauguração do terminal ferroviário Ferronorte.
Em evento que marcou a inauguração do terminal ferroviário Ferronorte, Lula disse que seu governo irá tocar obras ferroviárias, rodoviárias e hidroviárias, para que haja melhorias no escoamento de produtos e nas condições de trabalho no setor. “Vamos fazer um sistema intermodal de transporte, que possa combinar a ferrovia, a hidrovia e a estrada”, afirmou.
Lula também prometeu lançar um projeto de renovação da frota de caminhões do País, nos moldes do Moderfrota (programa de financiamento de máquinas e implementos agrícolas), criado em março de 2000, e que facilita o financiamento na compra de tratores. “Nós estamos discutindo criar para os caminhões uma coisa similar ao moderfrota. Tentar renovar a frota de caminhões neste País para os motoristas autônomos, porque a gente não pode ficar com os caminhões velhos com uma média de 18 anos trafegando nas estradas brasileiras, colocando em risco a vida do caminhoneiro e de quem está por perto”, afirmou.
Lula criticou os dirigente que fazem “falsas promessas” e disse que prefere deixar a Presidência “xingado” por falar verdades, a sair aplaudido por dizer mentiras. Para Lula, o bom político “não é aquele que conta a boa mentira, mas fala a verdade”. O presidente relembrou um episódio de quando disputou as eleições em 1999 e, ao visitar a cidade de Santarém, no Pará, negou-se a mentir que iria construir a rodovia Belém/Santarém, porque sabia que não teria condições de fazê-lo embora todos os candidatos tivessem ido ao local da futura rodovia para prometer o que nunca cumpriram
O presidente aproveitou a vista a Mato Grosso para anunciar a construção da rodovia Cuiabá (MT)/Santarém(PA), e garantiu que essa não será apenas uma promessa de governo. Lula também anunciou que lança ainda este mês, em Brasília, o programa Primeiro Emprego para ajudar os jovens brasileiros a entrar no mercado de trabalho. Além disso, o presidente voltou a afirmar que vai criar, em seu governo “o maior programa de cooperativas” já implementado no País. A intenção de Lula é fazer com que o projeto ajude a reduzir os juros da economia brasileira um desejo dos investidores e empresários. “Através das cooperativas, vamos baixar as taxas de juros e ajudar o pequeno e médio empresário”, prometeu.
Na companhia do governador de Mato Grosso do Sul, José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, e do ministro dos Transportes, Anderson Adauto, Lula também prometeu lançar um pacote de medidas para ampliar o número de assentamentos rurais no País. Ele responsabilizou os conflitos no campo à ausência de políticas agrárias ao longo dos últimos 50 anos. Segundo ele, o Brasil sempre deixou por último intervenções em áreas importantes. “Se tivéssemos feito reforma agrária, como o mundo todo fez, não estaríamos com violência no campo e disputa de terra neste País”, afirmou.
Chega de choro
Lula disse ainda que pediu aos países em desenvolvimento, durante sua participação na reunião do G-8, que parem de “chorar” contra as barreiras comerciais impostas pelas nações do primeiro mundo. O presidente afirmou que é preciso ousadia para vender os produtos do País e disputar o comércio exterior em igualdade de condições. “Os governantes dos países pobres reclamam que os Estados Unidos e a Europa não fazem por eles o que eles gostariam que fosse feito. Quando eu era sindicalista, ao invés de ficar chorando, eu ia à luta”, comparou. “Se nós temos esse problema, não adianta ficar chorando. Ninguém respeita negociador que chora ou que anda de cabeça baixa. Ninguém. O Brasil não deve nada a nenhum país do mundo do ponto de vista da sua capacidade tecnológica e de produtividade agrícola. Competimos com todos eles, e com certeza produziremos produtos de maior qualidade”, exaltou o presidente.