Lula pode ter tesoureiro de fora do partido

Foto: Aliocha Maurício/O Estado
Ricardo Berzoini: campanha separada do partido.

O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), admite que a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ter um tesoureiro de fora de seus quadros e afirmou que as finanças da campanha serão separadas da tesouraria da legenda. Em 2002, as duas funções foram acumuladas por Delúbio Soares, que acabou expulso da agremiação, acusado de crimes como caixa 2. Não há ainda previsão sobre quem assumirá o posto – que, declarou o dirigente petista, também pode ser ocupado por um filiado do partido.

O objetivo da separação é evitar que a campanha deixe dívidas que possam provocar problemas, como a crise protagonizada em 2005 pelo publicitário Marcos Valério, que abateu boa parte da cúpula petista, acusada de envolvimento no pagamento do mensalão. Hoje, a dívida da legenda é de aproximadamente R$ 50 milhões. ?O tesoureiro do partido tem se comportado extremamente bem, corretamente, ajudado o partido a se recuperar, mas temos uma avaliação de que as finanças de campanha devem ser separadas das finanças do PT?, afirmou o presidente do PT. ?Queremos tratar as finanças de campanha como algo suprapartidário e que deva ser limitado ao tempo da campanha.? Berzoini afirmou também que serão trabalhados ?todos os meios de arrecadação legal que existem?.

Em conversas reservadas, interlocutores de Lula dizem que a idéia é chamar um empresário para a tarefa que no passado foi de Delúbio. Escaldados pela crise, os petistas buscam um tesoureiro diferente, sobre o qual não recaia nenhuma suspeita. O atual secretário de Finanças do PT, Paulo Ferreira, já avisou que não quer cuidar da arrecadação da campanha. ?Nós já fizemos várias mudanças depois da crise?, declarou Berzoini. ?A prestação de contas, por exemplo, tem sido feita praticamente a cada reunião da executiva e temos colocado na internet gastos que antes não eram divulgados.?

O PT vai aproveitar a campanha do presidente Lula à reeleição para tentar ampliar seu número de filiados, atualmente em cerca de 860 mil – mais que os 825 mil de antes da crise do mensalão, informou o secretário nacional de organização do partido, Romênio Pereira. Segundo Pereira, a campanha terá camiseta, cartaz, broches e santinhos, além de 500 mil fichas. Pereira explicou que os novos filiados terão de passar por cursos de formação política. ?Não vai ser filiação a laço?, garantiu.

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