Lula pede união à base e repele “toque de caixa”

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quer enviar as propostas de reformas “a toque de caixa”. Antes de enviá-las ao Congresso Nacional, o presidente quer discuti-las com todos os setores da sociedade, começando pelos governadores estaduais, com os quais tem reunião marcada amanhã e sábado, na Granja do Torto.

Esta preocupação foi transmitida pelo porta- voz do governo, André Singer. Ele também disse que Lula garantiu aos líderes partidários da base aliada, com os quais se reuniu ontem na Granja do Torto, que eles estarão sempre bem informados do que acontece no governo, e que os ministros estarão sempre disponíveis para discutir no Congresso Nacional as questões relevantes para o País. O almoço na Granja do Torto, com ministros e líderes dos dez partidos da base aliada do governo, serviu ainda para Lula pedir unidade da bancada para aprovar ainda este ano as reformas estruturais que seu governo propõe. Lula quer aprovar as reformas previdenciária e tributária até o fim do primeiro semestre.

Segundo o porta-voz da Presidência, André Singer, Lula não quer mandar as propostas de reforma a toque de caixa. O presidente argumentou que precisa ouvir os diversos setores da sociedade, entre eles, os governadores, que estarão com Lula na sexta-feira e no sábado, também na Granja do Torto. Ainda de acordo com o relato de Singer, o presidente não entrou em detalhes com os parlamentares da base aliada sobre pontos específicos das reformas tributária e da Previdência. Mas, para obter o apoio que precisa para as alterações constitucionais, Lula prometeu aos aliados que criará um Fundo de Compensação para os estados que saírem prejudicados e discutirá a idéia na reunião do fim de semana com os governadores. A pretensão é ajudar os estados que se julgarem prejudicados com a perda de arrecadação que virá embutida com o fim da guerra fiscal.

“Até o Babá sabe que não dá para manter a Previdência e a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que é de 1941, do jeito que estão”, teria dito Lula, segundo o líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson (RJ). “Vamos interferir na estrutura das agências, a decisão tem que ser do poder controlador”, pediu o presidente aos aliados. Lula garantiu que enviará os projetos de reforma ao Congresso até março ou abril e justificou ainda não ter feito isso porque antes pretende quebrar as resistências da sociedade. “Algumas sempre vão resistir, mas temos que eliminá-las ao máximo, antes de enviar os projetos”, completou Lula.

Na reunião, Lula disse estar “perplexo” com o nível de terceirização do país.

O almoço não contou com a presença do líder do PMDB na Câmara, Eunício de Oliveira (CE). Ele justificou a ausência, alegando uma reunião de seu partido para discutir a participação no governo Lula.

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