Lula pede empenho para novas alianças

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou na manhã de ontem que as alianças partidárias e a realização de um segundo turno das eleições são importantes para garantir a governabilidade nos próximos quatro anos. Ao anunciar oficialmente, no Palácio da Alvorada, a parceria com o candidato a governador do Rio pelo PMDB, Sérgio Cabral, Lula defendeu a necessidade de segundo turno e a ampliação de alianças, relembrando que o ex-presidente chileno Salvador Allende (1908-1973) foi eleito com apenas cerca de um terço dos votos, não conseguiu ampliar a frente de apoio para governar o Chile e acabou deposto por um golpe militar, comandado pelo general Augusto Pinochet, em 1973.

?Todo mundo sabe que eu fui um dos batalhadores para que a gente tivesse dois turnos no Brasil?, afirmou o presidente, explicando que defendeu esta tese na Constituinte, em 1988, e que usava como base a experiência chilena. ?Eu achava e me espelhava muito no que aconteceu no Chile com Allende?, disse ele, justificando que ?achava que alguém ser eleito presidente da República com 33% dos votos teria muito mais dificuldade de construir uma hegemonia para governar do que se fosse eleito num segundo teste em que a população pudesse, por sua maioria, se manifestar?.

Surpreendido pela necessidade de enfrentar o segundo turno, quando acreditava que ganharia as eleições no dia primeiro de outubro, o presidente Lula acabou tendo de sair em busca de novas alianças para tentar garantir a reeleição. Ontem, justificou o apoio recebido de Sérgio Cabral. ?Quando aceitamos a regra de fazer política, nós não temos de ficar achando que só a nossa política é que vale. Temos de entender que como democratas que somos, às vezes, o nosso projeto não vence e quando ele não vence, nós temos de nos aliar com outros projetos que estejam mais próximos de nós, com pessoas que nós confiamos mais, e pessoas que nós acreditamos que vão fazer pelo estado o que fariam se tivesse ganho?, comentou Lula. No primeiro turno ele apoiou o senador Marcelo Crivella (PRB) para o governo do Rio de Janeiro.

?Na política, os momentos bons tardam, mas acabam acontecendo. O que não foi possível construir no primeiro turno, está sendo agora construído?, disse o presidente, ao lado de Francisco Dornelles (PP), que foi ministro do Trabalho de Fernando Henrique Cardoso e que o apoiará.

Questionado se a eleição estava fácil de ser ganha no estado, no segundo turno, com a ampliação da aliança, Lula não quis cantar vitória. ?Não existe eleição fácil. Toda eleição tem as suas complicações. O que acontece é que no Rio de Janeiro ela será mais tranqüila porque nós temos o melhor candidato, temos a melhor aliança política e temos a maioria do povo do Rio querendo o melhor para o Rio e indubitavelmente o melhor para o Rio é a eleição do governador Sérgio Cabral?, observou.

?O povo do Rio, que sempre foi generoso comigo, sei que será generoso de novo?, disse o presidente. Ele aproveitou para informar que R$ 385 milhões serão investidos em segurança no Rio por causa dos Jogos Pan-americanos. ?Temos de fazer dos jogos um modelo para reivindicar a Copa do Mundo. É inadmissível que em 2014 a Copa do Mundo não seja no Brasil?, afirmou o presidente.

Sobre a possibilidade de o apoio do casal Garotinho atrapalhar o seu adversário político Geraldo Alckmin, Lula afirmou que ?não julga? os acordos dos outros partidos políticos. ?Já tenho a dificuldade de fazer os meus acordos. Eu não posso ficar dando palpite nos acordos dos outros?, comentou.

Voltar ao topo