Lula pede aos radicais que mantenham unidade

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou ontem com presidentes dos diretórios regionais do PT, que foram a Brasília, as críticas dos setores radicais do partido ao governo e pediu unidade. “Tenho compreensão das posições históricas dentro do PT, mas também sei da responsabilidade de tomar iniciativas, como por exemplo nomear um presidente do Banco Central”, disse Lula, segundo relato do presidente do Diretório do PT do DF, Wilmar Lacerda.

Lula ressaltou que a responsabilidade de escolher um presidente do Banco Central e tomar outras medidas na área econômica influenciam rapidamente o mercado. “Não podemos falhar na situação econômica”, enfatizou Lula, segundo relato de Lacerda. Durante o encontro com os presidentes dos diretórios regionais do partido, Lula avaliou que a unidade do partido foi fundamental para a sua eleição e será também para o seu governo. Lula solicitou que todas as informações sobre o seu governo sejam repassadas para os diretórios, para evitar futuras críticas.

Mas o clima no partido está tenso. O deputado João Paulo Cunha (PT), presidente da Câmara dos Deputados, afirmou em Osasco, que tem gente no PT “falando demais”, ao se referir às discussões entre os radicais e a ala majoritária do partido. Segundo ele, essas discussões dão a impressão que existe um racha no PT, como as críticas feitas ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, pelo deputado João Batista Babá (PT-PA).

Cunha afirmou que o debate está sendo potencializado e que não corresponde à realidade da bancada na Câmara, já que o PT tem 92 deputados e a posição de um deles não pode ser encarada como a posição de todos. O mesmo ocorre, segundo ele, no Senado, onde o PT tem 14 senadores. João Paulo Cunha afirmou que todos os petistas deveriam “parar um pouco de falar” e se debruçar agora sobre as tarefas que deputados e senadores têm para mover a agenda do país.

Mas não é no PT a preocupação em defender Lula do ataque dos radicais do partido. Ontem em Salvador, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) defendeu o governo de Lula dos ataques da esquerda do PT, principalmente contra o ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho, e pediu paciência à população. “O exercício do poder, principalmente para quem estava desabituado, evidentemente, é complicado, mas não se pode negar que o presidente da República está agindo com a mais absoluta correção e isenção e está aparecendo bem nacional e internacionalmente devido ao seu bom senso.”

Para ACM, é preciso ter uma “certa transigência com um governo que tem apenas um mês”. Na visão dele, um ano será suficiente para se avaliar se a nova gestão é boa ou ruim. “Inegavelmente, Lula está apresentando-se bem no Brasil e exterior e isso ajuda o governo”, repetiu.

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