Lula não morre, não sai e não corre

  Antonio Cruz / GPP
Antonio Cruz / GPP

Lula: "Paciência, paciência, paciência porque a verdade prevalecerá".

Brasília – Em seu mais forte discurso sobre a crise política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que adotará o exemplo de Juscelino Kubitschek para superar a crise, que é "ter paciência, paciência, paciência porque a verdade prevalecerá".

Lula disse que muitos presidentes já passaram por crises, citando Getúlio Vargas, que se matou, Jânio Quadros, que renunciou, e Goulart, destituído pelo regime militar. "Crise nesse país já levou o presidente Getúlio a se matar, Juscelino a ser mais achincalhado do que qualquer outro presidente desse país, o Jânio desistiu por causa do inimigo oculto e tão oculto que ele nem apontou para a gente. O Jango foi obrigado a renunciar. Não vou dizer o nome do mais recente, mas vou dizer uma coisa, sou homem de consciência muito tranqüila. Não farei como Getúlio, Jânio ou João Goulart. O meu comportamento será o de JK: paciência, paciência, paciência", discursou Lula.

Também no discurso, o presidente criticou a suposta pressa da oposição em antecipar o debate eleitoral e diz que seus adversários põem veneno na crise política. Ele citou especificamente a suposta tentativa de envolver "um ministro da magnitude de Márcio Thomaz Bastos" nas denúncias. "As coisas ficam muito mais graves quando se coloca veneno na crise. Não posso aceitar que, a pretexto das eleições de 2006, possam agir de forma irresponsável. Quatro anos são uma eternidade para a oposição e um minuto para quem está no governo. A minha prioridade nunca foi a reeleição, mas a governança desse país", afirmou.

Lula disse que fica muito incomodado com a possibilidade de se envolver o governo nessa crise e afirmou que é preciso apurar os fatos e o envolvimento de petistas nas denúncias. "Me incomoda muito essa possibilidade de envolver o governo nessa crise. Sempre disse, não ficará pedra sobre pedra nessas investigações. Me orgulho de ter ajudado a criar o PT. Sou petista, tenho orgulho de ser petista, mas a justiça começa dentro de casa. O PT teve um processo de sangria muito forte e cabe ao próprio PT julgar dentro do PT quem cometeu erro e puni-lo. E à justiça e ao Congresso também caberá punir onde puder", afirmou.

Sobre as CPIs no Congresso Lula disse que "muita gente quer que as coisas aconteçam mais rapidamente, mas é humanamente impossível imaginar que a CPI pode terminar antes do tempo que tem que terminar, que o Ministério Público possa fazer o processo antes de investigar com a Polícia Federal, e que a Justiça possa julgar antes de receber todas as informações para julgar", destacou.

O presidente ressaltou que não irá poupar nem os amigos. "Pode ser o meu melhor amigo, dentro ou fora do PT, dentro ou fora do governo, se cometer alguma coisa de equívoco de conduta, com a mesma grandeza que eu o convidei para vir para o governo, eu o convido para deixar o governo e, depois, ele responderá onde tiver que responder", disse.

Nenhuma Brastemp

Ao falar do crescimento econômico e da disposição do governo em não permitir que a crise prejudique a economia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que o crescimento será menor do que o esperado. "Estou extremamente otimista com a economia. O resultado não será nenhuma Brastemp, mas será um bom resultado", afirmou o presidente numa referência a propagandas de uma de uma marca de eletrodomésticos.

O presidente falou sobre críticas à política de juros. Lula voltou a dizer que não vai interferir nas decisões do Banco Central em relações à política monetária. "Juro é responsabilidade do Banco Central", disse.

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