Lula exige ?prazo, dia e hora? para apagão aéreo terminar

Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil

Lula afirma que resolver crise nos aeroportos é ?prioridade zero? e que não aceita mais explicações.

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva exigiu ontem, durante reunião com representantes do setor aéreo, um prazo, com data e hora, para o fim da crise nos aeroportos do País. Lula reuniu-se durante a manhã com o ministro da Defesa, Waldir Pires, o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, com o presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), José Carlos Pereira, e com o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi.

Pouco antes, o presidente confirmou que manterá Waldir Pires no comando do Ministério da Defesa. ?Continua,? disse o presidente acenando positivamente com a cabeça, ao ser questionado pelos jornalistas que o aguardavam no Palácio do Itamaraty.

Segundo o presidente, a solução para a crise nos aeroportos ?é prioridade zero?. Ele disse que não existe mais explicação para o caso, e que a questão agora é se encontrar uma solução. Na avaliação do presidente, não se trata apenas de um problema dos controladores. ?Este é apenas um item. Mas tem muito mais coisas. Tem falhas e muitas falhas. Um fica culpando o outro?, afirmou o presidente Lula, em entrevista que concedeu ao lado do primeiro-ministro, Romano Prodi, que visita o Brasil.

Para o presidente, ?a culpabilidade é das pessoas que tomam conta dos aeroportos?. Na entrevista, Lula afirmou que durante a reunião exigiu um diagnóstico preciso. ?Um bom médico só pode acertar se tiver um diagnóstico. Não adianta ficar culpando um ou outro. Temos de resolver. Temos de dar uma solução para o caso?, disse. ?Quero prazo, dia e hora para anunciar ao Brasil que não vai ter mais problema nos aeroportos brasileiros?, completou.

Para o presidente, a crise no setor aéreo começou com o aumento de 20% do movimento do turismo no País, a saída da Varig do mercado e agravada pelo acidente aéreo com o Boeing da Gol, em 29 setembro de 2006, quando 154 pessoas morreram.

A reunião foi convocada na segunda-feira, pelo presidente, depois que o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, foi fechado pelo terceiro dia seguido por conta de falha no aparelho que permite pousos em dias de forte nevoeiro. Danificado por um raio em 25 de fevereiro, só na tarde de segunda-feira o ILS (sigla em inglês para Sistema de Pouso por Instrumento) voltou a funcionar. Mais cedo, o nevoeiro levou ao fechamento do aeroporto por pouco mais de duas horas, provocando, pelo terceiro dia consecutivo, atrasos nos vôos. Só em Cumbica, foram afetadas 90 das 450 operações previstas. No País, houve registro de 15% de atrasos superiores a uma hora.

Para Infraero, não há previsão para fim da crise

Brasília (AE) – O presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), brigadeiro José Carlos Pereira, deixou claro ontem que a estatal não tem previsão para que os problemas que afetam o setor aéreo do País sejam resolvidos. Ele avaliou que a série de atrasos em vôos começou depois do acidente com o avião da Gol, em setembro do ano passado, que matou 154 pessoas no norte do Mato Grosso. ?Não havia atrasos, todo mundo vivia feliz até que ocorreu o acidente da Gol. A pergunta é: o que mudou com o acidente da Gol? Levantado isso, a causa do problema irá aparecer?, ponderou.

O brigadeiro acrescentou que, desde então, muitas providências foram tomadas pelo governo, mas não especificou quais foram essas medidas. Ao mesmo tempo, porém, assegurou que os vôos que saem do chão são seguros para os passageiros. ?Avião decolado é avião seguro. Agora, a solução final passa para isso (os atrasos), quando nós vamos realmente voltar àqueles tempos pré-acidente com o avião da Gol, isso aí passa por um trabalho bem mais extenso?, avaliou.

Atrasos

Ontem, de 1.035 vôos programados pela Infraero nos aeroportos do País, 62 tiveram problemas com atrasos acima de uma hora. O levantamento abrange os vôos programados entre a zero hora e às 19h de ontem, correspondendo a uma taxa de 6,0% de atrasos.

Segundo a Infraero, três (4,2%) de 72 vôos programados no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, apresentaram atrasos. No Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, quatro (2,2%), de um total de 178 vôos programados, saíram com mais de uma hora atrasado.

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