Lula: é guerra e “vamos ganhar”

São Bernardo do Campo

– O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu à notícia do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, da Vara de Execuções Penais do Espírito Santo, ontem, dizendo que vai ser preciso lançar mão de um “combate muito duro” contra o crime organizado, incluindo o que ele classificou de “braço político” do narcotráfico. “Eu não sei quem matou o juiz, mas você podem ter certeza de uma coisa. Se foi uma ação do crime organizado e do narcotráfico, nós vamos ganhar a guerra”, afirmou Lula a uma platéia de cerca de 10 mil funcionários da Volkswagen em São Bernardo do Campo, durante cerimônia de comemoração dos 50 anos da empresa no País.

Lula disse que a sociedade brasileira “não pode ficar assustada 24 horas por dia” e que hoje o crime organizado “não é mais a bandidagem comum que nós conhecíamos”. De acordo com o presidente, que incluiu de última hora o tema da violência no discurso improvisado, o narcotráfico se vale dos braços político, empresarial, internacional e judiciário para criar uma “fábrica de dinheiro”.

Ele não detalhou como funcionaria esse braço político, mas acrescentou que não será “tarefa fácil” empreender esse combate para “moralizar” o País. “Não é tarefa fácil, mas quem disse que já tivemos coisa fácil nessa vida?”, declarou. O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PSB), disse hoje que o assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho foi “uma tentativa de intimidar o trabalho que os poderes estaduais vêm realizando no sentido de acabar com o crime organizado no Estado”. “Isso é uma tentativa de intimidar, primeiro o Poder Judiciário, depois os demais poderes e também a própria sociedade capixaba. Mas essa tentativa de intimidação não dará certo”, disse.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Marco Aurélio Mello, afirmou ontem que os assassinatos no período de dez dias de dois juíses pelo crime organizado, abalou o funcionamento da Justiça e que os magistrados poderão ser “intimidados”. Ele enviou ontem ofício aos governadores pedindo para que garantam a segurança pessoal de promotores e juízes que atuam na área criminal. Em entrevista, o ministro lembrou que os Estados têm deveres constitucionais que precisam ser cumpridos, como o combate à criminalidade, sob pena de serem alvos até mesmo de pedidos de intervenção federal. Segundo ele, a onda de violência no Espírito Santo, onde morreu o juiz Alexandre Martins de Castro, revela uma situação “estarrecedora”. No dia 14, foi morto a tiros o juiz corregedor das Execuções Penais em Presidente Prudente (SP), Antônio José Machado Dias.

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