Lula diz ser vítima do PSDB

Brasília (AG) – Disposto a sensibilizar os militantes do partido a participar de sua campanha, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, adotou a estratégia de se mostrar como vítima de manobras do governo e do tucanato. O comando da campanha de Lula distribuiu neste sábado por todo o país um panfleto em que acusa os governistas de apelarem para baixarias com o objetivo de desestabilizar a sua candidatura. Com o título “Quero um Brasil decente, quero Lula presidente”, o texto serviu de base para um discurso feito por Lula:

“O governo federal sabe que o povo já vestiu a camisa da mudança. E, desta vez, quer ver o Lula como seu presidente. É o que todas as pesquisas mostram. E é por isso que, no seu desespero, eles apelam para acusações e baixarias de campanha”, diz o panfleto. Em verde-e-amarelo, o panfleto também explora a decepção brasileira com a eleição do presidente Fernando Collor, chegando a comparar o pleito deste ano ao de 1989.

“Em 89, Lula perdeu para Collor e quem sofreu foi o Brasil. Em 94 e 98, Fernando Henrique saiu vitorioso. E, hoje, oito anos depois, temos um país cheio de dívidas e cheio de problemas. Chega!”. A nova cara da campanha foi desenhada pelo próprio Lula, durante uma reunião com sua coordenação política. No encontro, Lula desabafou, dizendo-se cansado de uma disputa ditada pelos números. Ainda assim, o panfleto reforça o compromisso.

“O PT também quer a inflação sob controle. Todo mundo quer. Esta é uma conquista que tem de ser preservada. Mas isto só é muito pouco”, diz o documento em que o PT prega redução das taxas de juros, proteção às pequenas empresas, incentivo às exportações e redistribuição de renda. Lula vai também repetir, nos palanques, o tom do documento “Carta aos brasileiros”, divulgado no mês passado para passar a imagem mais moderada e acalmar o mercado. Em seus discursos, o candidato vai explicar o eixo da política econômica que o PT implantará se vencer as elei-ções. O programa de governo definitivo será divulgado no próximo dia 23.

Compromissos

Segundo o coordenador do programa, Antônio Palocci, o programa contempla os compromissos assumidos por Lula

na “Carta aos brasileiros”. Lula vai bater na tecla de que o que o PT propõe é um novo contrato social, capaz de assegurar o crescimento econômico com estabilidade. O candidato do PT à Presidência vai reiterar que, se eleito, não fará mudanças bruscas na política econômica, honrando os contratos. Ele se comprometerá também a manter o superávit primário.

O petista defenderá uma “transição lúcida e criteriosa” para o modelo econômico que pretende implantar, com ênfase no crescimento. Ele garantirá que vai dialogar com a sociedade e até com o atual governo para implementar mudanças.

A “Carta aos brasileiros” foi lida por Lula uma semana antes do previsto, durante reunião do PT para a discussão do programa de governo. Inicialmente, ele faria o discurso na convenção que homologou sua candidatura, mas os sucessivos aumentos do dólar e do Risco Brasil obrigaram-no a antecipá-lo. Lula também não vai atacar o Plano Real, como fez nas últimas eleições. Ele reafirmará seu compromisso com a estabilidade durante a campanha.

– A estabilidade, o controle das contas públicas e da inflação são patrimônio de todos os brasileiros – tem dito o petista.

A equipe encarregada do programa de governo também criará, se Lula for eleito, uma carta de responsabilidade econômica e social. Ou seja, além de fixar metas para a economia, como a taxa de inflação e o superávit primário, o PT lançará, no início de cada ano, metas sociais. A carta de responsabilidade econômica e social seria apresentada ao Congresso no início de cada ano, para ser acompanhada durante o ano todo pelos parlamentares.

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