Lula continua imbatível para a eleição de 2006

  Foto: Ricardo Stuckert
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Lula inaugura usina: o governo
faz trapalhada, mas o
presidente está firme.

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganha em todas simulações de eleição presidencial de 2006, segundo pesquisa da CNT/Sensus divulgada ontem. Em eventual segundo turno, Lula ganha de todos os tucanos e o que chega mais perto é o prefeito de São Paulo, José Serra. Numa disputa com Serra, Lula tem 52%, contra 29,9% do tucano. A pesquisa ouviu duas mil pessoas entre os dias 15 e 17 de fevereiro em 24 estados e 195 municípios das cinco regiões do País. A margem de confiança da pesquisa é de 95%.

Nas cinco listas apresentadas aos entrevistados, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho aparece em segundo lugar em quatro delas e ganha, inclusive, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O único candidato tucano que vence Garotinho é José Serra. Na primeira simulação, Lula tem 46,5% das intenções de voto; Garotinho, 14,3%; Aécio Neves, 11,1%; e Cesar Maia, 6,6%. Na segunda, Lula tem 45,2%; Garotinho, 14,3%; Geraldo Alckmin, 12,9%; Cesar Maia, 6,4%. Na terceira, Lula aparece com 45,4%, Garotinho tem 15,9%; Tasso Jereissati, 8,2%; e Cesar, 7,3%. Na quarta lista, Lula tem 44,4%; Serra, 18,3%, Garotinho, 12,4%; Cesar, 5,4%. Na quinta lista, Lula tem 45,4%; Garotinho, 13,8%; Fernando Henrique, 13,2%; e Cesar, 7%.

A pesquisa mostra uma ligeira alta na popularidade do presidente entre o último levantamento e o atual. Pela pesquisa, a popularidade do presidente subiu de 65,5% em dezembro de 2004 para 66,1% agora. Já a aprovação do governo sofreu pequena queda, de 44,5% para 42,6%. O resultado mostra que a derrota do governo na Câmara dos Deputados não afetou o desempenho do presidente.

A pesquisa mostra que a maioria da população brasileira está indiferente à Medida Provisória (MP) 232, que eleva o imposto pago pelas empresas prestadoras de serviço. Apenas 36,4% dos entrevistados tomaram conhecimento do tema, segundo a pesquisa. Deste total, somente 16,1% têm efetivo conhecimento do assunto, pois os outros 20,3% apenas ouviram falar do aumento – 59,7% dos entrevistados sequer ouviram falar sobre a matéria e 4% não responderam ao levantamento.

A maior preocupação do brasileiro continua sendo o emprego. Mas o índice caiu de 53,3% em dezembro de 2004 para 48,4% agora. A maioria tem sentido que a inflação subiu. Aumentou de 63,3% para 65,1%, os que acham que os preços continuam a subir. E caiu de 27% para 22,1% a parcela dos que achavam que a inflação estava controlada. Voltou a subir o Índice de Satisfação do Cidadão (ISC), que apontou 52,95% em fevereiro, o segundo maior patamar apurado pela pesquisa CNT/Sensus, abaixo apenas dos 53,8% registrados logo após a posse do governo Lula, em janeiro de 2003.

O número de brasileiros a favor da proibição da venda de armas no País caiu de 73,6% em março de 2004 para 48% em fevereiro deste ano. O índice de quem é contra a proibição subiu de 23,4% para 48,8%. Na avaliação do presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade, o índice mostra a perda de confiança da população no desarmamento como solução para a violência.

"Oposição se afoba para discutir eleição"

Campo Grande – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não vai ceder à afobação da oposição para entrar no processo eleitoral de 2006. Segundo o presidente, o assunto só entrará em pauta no momento certo. "Não vamos aceitar que a afobação de alguns nos faça tomar medidas pensando em eleição. Sei que a oposição só pensa em eleição, mas eleição só vai entrar na minha cabeça no momento certo", disse Lula, que, no entanto, fez críticas pontuais ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sem citá-lo nominalmente.

Lula afirmou que suas viagens ao exterior são feitas para fechar acordos comerciais e não apenas para que ele próprio receba títulos. "O Brasil passou oito anos tendo déficit na balança comercial, pegando dinheiro emprestado do FMI para sanar seus débitos. Nós, agora, nem precisamos fazer acordo com o FMI. Vários setores passaram a exportar muito, pois nós viajamos vendendo as boas coisas que o Brasil produz. Não viajamos para pedir favor, nem para receber títulos", disse.

Ao condenar o preconceito do qual se disse vítima durante campanhas eleitorais, Lula afirmou que os governantes precisam mudar sua mentalidade. "O preconceito é uma doença. Uma mistura de ignorância com má fé e adentra na nossa massa encefálica. Para curar preconceito é preciso um chá de humildade, mas nem todo mundo está disposto a isso", disse Lula, aplaudido por militantes uniformizados trazidos pela administração petista de Corumbá.

Lula também reiterou a importância da integração dos países da América do Sul para que o continente se fortaleça e se firme no cenário internacional. Segundo Lula, para se consolidar a integração tão prometida pelos governantes do continente sul-americano, tem que ser mais do que um recurso retórico. "Tem que significar a construção de estradas, pontes, rodovias, ferrovias, hidrovias, aeroportos e comunicação para que as pessoas possam transitar pelo mundo afora", disse.

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