Lula confirma Palocci e Marina Silva no governo

Washington

  – O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, confirmou o coordenador-geral da equipe de transição do governo eleito e ex-prefeito de Ribeirão Preto, Antônio Palocci Filho, como ministro da Fazenda, e a senadora Marina Silva (PT-AC) como ministra do Meio Ambiente.

“Em função de saber que o Brasil está na UTI, eu coloquei um médico para ser ministro da Fazenda e para coordenar a equipe de transição”, afirmou, durante pronunciamento no National Press Club, ao ser indagado sobre a preocupação de bancos e investidores com a demora na nomeação do ministério, especialmente do presidente do Banco Central (BC) e do ministro da Fazenda. “Tenho me reunido tanto com os banqueiros, que não posso crer que eles estejam preocupados com a equipe econômica”, afirmou. Lula ressaltou novamente que não cederá à pressão daqueles que chamou de “insistentes e impacientes”. “Os mesmos insistentes e impacientes queriam que eu indicasse, no primeiro dia após as eleições, o presidente do Banco Central e o ministro da Fazenda. Não queriam nem que eu festejasse a minha vitória. Se eu ceder a pressões para indicar ministros, eu passarei o governo todo cedendo a pressões. Acho que não é justo e nem correto”, afirmou. Ele disse que o tempo e o momento de indicar o ministério é do governo. “É o tempo que eu entender que seja importante do ponto de vista político anunciar. Podem ficar tranqüilos, que eu saberei ter paciência com os impacientes até o momento em que eu achar que surgiu uma oportunidade. A posse é no dia 1.º de janeiro”, afirmou.

Meio Ambiente

A indicação da senadora Marina Silva para o Meio Ambiente foi o primeiro nome oficialmente anunciado por Lula para o ministério. “O primeiro sinal que eu dei a todo o mundo de que a Amazônia será tratada diferentemente no meu governo foi que escolhi uma companheira que a imprensa brasileira já cansou de citar o nome. Mas, certamente, a companheira Marina, com quem vou conversar nesses dias, vai tomar conta da política ambiental no meu governo”, afirmou.

Em seguida, ainda durante a fala, ele listou uma série de elogios a Marina, lembrando ser ela do mesmo Estado do sindicalista Chico Mendes, afirmando que a senadora do PT do Acre sempre foi uma “batalhadora” e que se alfabetizou somente aos 16 anos. Dizendo que Marina foi seringueira, Lula afirmou que ela passou parte da vida brigando pela preservação ambiental.

“Estou convicto de que ela vai promover uma política de desenvolvimento sustentado para a Amazônia, que combina ao mesmo tempo a necessidade de preservação ambiental com a criação de empregos para as mais de 20 milhões de pessoas que moram na região. Precisamos entender que a maior riqueza da Amazônia, que é a sua biodiversidade, é a grande fonte de riqueza para o povo que mora na região”, afirmou.

De acordo com o presidente eleito, a Amazônia precisa de tratamento especial não apenas do governo brasileiro, mas também de todos os países que querem contribuir para a conservação da natureza.

Genoíno garante que direitos serão mantidos

Brasília

(AE) – O presidente nacional do PT, deputado José Genoino (SP), afirmou ontem que a reforma da Previdência Social do futuro governo vai respeitar os direitos adquiridos dos aposentados – mas, para aqueles que já têm, por exemplo, 25 anos de contribuição e expectativa de direito de se aposentarem com salários integrais, haverá uma regra de transição. Nas reformas propostas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para a Previdência, o PT lutou contra a transição nas expectativas de direito.

Genoino disse que as duas reformas principais do futuro governo a serem votadas durante o primeiro ano serão a tributária e a previdenciária. A tributária terá como ponto de partida o relatório do deputado Mussa Demes (PFL-PI), que já está pronto, mas não foi votado porque houve boicote do atual governo. A reforma previdenciária, segundo Genoino, sairá do zero, depois de negociações com representantes dos trabalhadores, dos empresários, dos governos estaduais, das prefeituras e do governo federal.

“Nosso problema não é o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), mas a Previdência pública”, disse o presidente do PT. Para preservar os direitos adquiridos dos aposentados, o PT negociará uma mudança nos fundos de pensão. Mas Genoino ainda não sabe quais serão. O mesmo ocorrerá quanto à expectativa de direitos. Existe ainda a possibilidade de cobrar a contribuição dos inativos, mas esse é um ponto problemático sobre o qual Genoino prefere não dar detalhes. Segundo ele, o assunto terá ainda de ser debatido dentro do próprio PT. Poderia ser resolvido também nas mudanças nos fundos de pensão.

Déficit

Para Genoino, somente será possível fazer uma reforma da Previdência que tenha condição de tirar o setor do déficit crônico se o governo for hábil. “Temos de evitar as alianças corporativas compensatórias, em que uma parte, interessada em derrubar uma coisa, une-se a outra, interessada em outro ponto. Esse foi o grande erro do presidente Fernando Henrique”, disse ele. Portanto, segundo Genoino, a reforma da Previdência que o PT quer fazer será levada a votação em várias etapas, o que no Congresso é conhecido como votação fatiada.

Para conseguir aprovar suas reformas, o futuro governo confia em acordos com o PSDB e o PFL. “Como presidente do PT, vou ter diálogos constantes com estes dois grandes partidos de oposição, porque as reformas dependerão do apoio que eles derem aos projetos”, disse.

PT se aproxima do PMDB

Brasília

e São Paulo – O presidente nacional do PT, deputado José Genoíno (SP), disse que seu partido quer atrair o PMDB para o governo e, assim, conseguir a maioria no Congresso para poder governar o País com segurança. Segundo Genoíno, Lula quer “o PMDB inteiro”, e não uma parte, para a formalização de uma aliança. Ontem, o PT ofereceu ao PMDB os ministérios dos Transportes e do Planejamento. O senador Pedro Simon pode ocupar uma das pastas.

“Nós não podemos discutir com um PMDB fracionado. Isso é o que estamos fazendo com o PMDB, com o PDT o PSB, o PPS, o PL e o PC do B”, acrescentou.

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