Juiz Rocha Mattos preso em São Paulo

São Paulo – O juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, que era titular da 4.ª Vara Criminal da capital paulista, foi preso na tarde de ontem pela Polícia Federal, em São Paulo. Ele é acusado de encabeçar uma rede que vendia sentenças para contrabandistas, segundo investigação da Operação Anaconda. Rocha Mattos estava no apartamento da ex-mulher, Norma Regina Emílio Cunha, ex-auditora fiscal do Tesouro, também presa na Operação Anaconda, na semana passada. Ele foi conduzido para a Superintendência da Polícia Federal, na Lapa (zona oeste da capital).

A prisão preventiva foi determinada determinada pelo Colégio Especial de 18 desembargadores do Tribunal Regional Federal a partir de um pedido do Ministério Público Federal. A operação foi deflagrada na penúltima quinta-feira (30 de outubro), resultado de uma investigação de mais de um ano da PF. Escutas telefônicas teriam captado indícios das negociações ilícitas entre criminosos e membros do Judiciário.

O superintendente da Palícia Federal de São Paulo, Francisco Baltazar da Silva, também determinou ontem o afastamento do corregedor do órgão no Estado, delegado Dirceu Bertin, e do chefe do Setor de Passaportes, delegado José Augusto Belini. O delegado Belini e outros sete acusados do caso estão presos em São Paulo. Baltazar determinou ainda a criação de uma comissão especial para analisar procedimentos suspeitos que podem ter sido cometidos pelos funcionários da PF do Estado.

A Operação Anaconda foi comandada pela Polícia Federal com o apoio do Ministério Público, e já prendeu em São Paulo outras oito pessoas e apreendeu documentos em 15 endereços diferentes da cidade. Entre os presos encontram-se delegados da Polícia Federal. Juízes federais foram denunciados pela Procuradoria da República. A operação foi resultado de uma investigação de um ano e nove meses feita pela Inteligência da Polícia Federal em Brasília que, com autorização judicial, monitorou mais de 80 telefones de agentes, delegados e juízes federais de São Paulo.

As interceptações revelaram um esquema de corrupção que envolvia extorsão de empresas, uso de documentos falsos para manipular inquéritos e venda de sentenças judiciais. O inquérito correu em segredo de justiça. Entre os presos estão os delegados da PF José Augusto Belini e Jorge Luiz Bezerra da Silva. Também foram detidos Cesar Herman, agente da Polícia Federal e funcionário do gabinete do juiz federal João Carlos da Rocha Matos, e a ex-mulher do juiz Norma Regina Emilio da Cunha.

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