Brasília – Sorriso estampado no rosto. Foi assim que Roberto Jefferson (PTB-RJ) reagiu à notícia de que o ministro da Casa Civil, José Dirceu, estava deixando o governo. O petebista soube do pedido de demissão de Dirceu por volta das 18h, quando integrantes de seu partido começaram a chegar a seu apartamento. Coube ao deputado Nilton Capixaba (PTB-RO) comunicar a Jefferson a saída de Dirceu. "Ele reagiu com muita tranqüilidade. E frisou que não tem nada pessoal contra o Dirceu", disse Capixaba, negando que Jefferson tenha comemorado a "queda" do petista.
"Ele (Jefferson) sabe que a saída de Dirceu é só o começo. Está absolutamente tranqüilo", afirmou um petebista que esteve com Jefferson no início da noite. "Ele está muito feliz", anotou outro dirigente do PTB. O dia de Roberto Jefferson foi tranqüilo. Pela primeira vez desde que prestou depoimento na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, na terça-feira, ele saiu de casa. Logo cedo, por volta das 8h, foi, acompanhado do motorista e escoltado por dois policiais, fazer compras em um supermercado para dar "uma arejada". "Ele estava precisando mesmo dar uma volta", comentou um amigo do petebista.
"Ficou feliz com a reação das pessoas na rua, que elogiaram a coragem dele." Cerca de uma hora depois, pouco depois das 9 horas, já estava de volta a seu apartamento para mais uma aula de canto. No restante da manhã e na parte da parte recebeu algumas visitas, entre elas a do deputado Carlos Dunga (PTB-PB) e do advogado Itapuã Messias e, ao lado de amigos, assistiu a vitória por 3 a 0 do Brasil sobre a Grécia.
Hoje, Jefferson participa, às 10 horas, da reunião do Diretório Nacional do PTB. Na pauta do encontro, a decisão sobre permanecer ou não na presidência do partido e a posição do PTB em relação ao governo Lula. "Provavelmente vamos adotar uma postura independente, votando com o governo projetos pontuais", comentou um parlamentar do PTB.
O ministro Sepúlveda Pertence, do Supremo Tribunal Federal (STF), interpelou ontem Jefferson para que o parlamentar confirme ou negue declarações atribuídas a ele e publicadas na imprensa de que o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza teria supostamente participado de um esquema de pagamento de mesadas a deputados.