Janene usava o doleiro Yossef no caso mensalão

Chuniti Kawamura / GPP

Alberto Yossef: homem do caso
Banestado atuava no mensalão.

São Paulo – O dinheiro do mensalão tinha um endereço em São Paulo: Rua Pedroso Alvarenga 1.208, Itaim Bibi. Ali funcionava, até dois meses atrás, a corretora Bonus/Banval. Dona de um histórico conturbado, a corretora é apontada como a responsável por botar em prática suposto esquema usado pelo deputado José Janene (PR), líder do PP, para arrecadar dinheiro para o mensalão.

Mas de onde vem o dinheiro? Pelo menos parte dele pode ser encontrado se forem rastreadas as operações financeiras, com títulos públicos, na carteira de fundos de pensão de algumas estatais. Esses títulos são vendidos com deságio para uma empresa laranja, que os revende no mesmo dia pelo seu valor real e se apropria do lucro da operação. O fundo de pensão tem seu patrimônio dilapidado e a diferença vai parar no caixa do mensalão. É essa operação que seria feita por meio da Bonus/Banval. Ou pelo menos foi até bem pouco tempo.

Segundo uma fonte ouvida pelo jornal O Globo, parte do ?lucro? da operação era depositada diretamente no exterior, através do envio feito pelo doleiro Alberto Yossef, que já foi preso e cumpre pena em liberdade por remessa ilegal de recursos para o exterior. Passavam pela corretora nestas operações entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões por mês e Yossef recebia 0,80% do dinheiro transportado. O caminho do dinheiro, desde que a Suíça passou a ser vista pelos brasileiros como um destino "não tão seguro", tem sido bancos da Alemanha e de Israel.

A outra parte teria sido distribuída em Brasília pelo chefe de gabinete de Janene, João Cláudio Carvalho Genu. O PP conseguiu nomear diretores na Petrobras, em Furnas, no Instituto de Resseguros do Brasil e na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Tem também apadrinhados em outras estatais. A Bonus/Banval é uma corretora relativamente nova. Antes, ela operava no mercado apenas como Bonus, e quebrou. Recorreu então à Banval, corretora de Santos, para se manter no mercado. Iniciadas as operações na corretora Bonus, Janene pôs para trabalhar nela sua filha, Michelle Kremmer Janene.

"Ela trabalhou aqui como estagiária entre novembro de 2003 e maio de 2004", afirma Breno Fischberg, um dos sócios da Bonus/Banval, que se vale do sigilo bancário para não confirmar nem desmentir qualquer ligação da corretora com Janene. Estagiária de corretora em São Paulo, Michele é dona em Londrina da Eletrojan Iluminação e Eletricidade, ao lado de Carlos Alberto Murari. Janene também seria dono da Mercoluz Construções Elétricas. Janene é acusado pelo Ministério Público do Paraná de improbidade administrativa, enriquecimento ilícito e desvio de verbas públicas da prefeitura de Londrina.

A Bonus foi protagonista, em maio do ano passado, de um rombo do qual só saiu vendendo seu título de corretora. Quando toda a cúpula da BM&F estava na China, juntamente com a comitiva do presidente Lula, uma operação da Bonus, no valor de R$ 5,6 milhões, não foi liquidada. A mesma operação afundou a corretora Master, com um rombo de R$ 3 milhões. (Agência O Globo)

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