Izar classifica renúncia de demagógica

Um dia depois da debandada de deputados do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, em protesto contra a série de absolvições de deputados acusados de envolvimento no mensalão, o presidente do colegiado, Ricardo Izar (PTB-SP), classificou a renúncia dos conselheiros de "inoportuna e demagógica". Izar afirmou acreditar, no entanto, que apenas três ou quatro titulares que anunciaram as desistências do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar vão concretizá-las.

Ele afirmou que concorda com o deputado Cézar Schirmer (PMDB-RS), relator do pedido de cassação do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), de que há uma frouxidão moral, e acusa essa legislatura, como é chamado o período de quatro anos de mandato, de ser a pior e a mais despreparada.

Izar disse ontem que, apesar das renúncias, "está tudo em ordem". E que já está encaminhando os ofícios para que os líderes do PT e do PPS indiquem os substitutos, com a saída dos dois do Psol e do Júlio Delgado (PSB-MG). "Vou escolher o relator do caso de (deputado) José Janene (PP-PR) na próxima terça-feira entre os conselheiros que estão lá. Quero pegar gente experiente. Não vou dar a relatoria para os novos que vão entrar. Estou consultando a Ann Pontes (PMDB-PE), o Jairo Carneiro (PFL-BA) e o Nelson Trad (PMDB-MS). (Será escolhido um novo relator para o processo de Janene porque a relatora, Ângela Guadagnin foi afastada do Conselho de Ética e Decoro)".

O deputado disse que na segunda-feira vai fazer uma declaração à imprensa para explicar o trabalho do Conselho de Ética e o que será feito daqui para frente. Sobre as renúncias, ele disse que elas "foram inoportunas. Nós fomos eleitos. Eu vou até o final. Nós estamos dando uma satisfação à sociedade. O povo está sabendo o que está acontecendo no Conselho de Ética. Quem errou foi o plenário. Estamos todos indignados. Não havia necessidade para a renúncia. Quem está desgastado é o plenário. O conselho não errou. A renúncia foi inoportuna e demagógica".

Mais um

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) anunciou ontem seu desligamento do Conselho de Ética da Câmara. O deputado havia atendido aos apelos do presidente do colegiado, Ricardo Izar (PTB-SP), e concordado em esperar a conclusão dos processos ainda pendentes no órgão: de Vadão Gomes (PP-SP) e de José Janene (PP-PR). Ontem, no entanto, o deputado afirmou que não poderá mais esperar os processos, que não deverão ser concluídos neste mês. "Hoje, nós reiteramos a renúncia. A indignação que nos move não pode esperar uma data", afirmou Sampaio, por telefone. Segundo o deputado, há um "sentimento de repulsa pelo que o plenário tem feito, desconsiderando o Conselho de Ética".

Sampaio é o quinto titular do Conselho de Ética que decidiu desligar-se do colegiado em protesto pela série de absolvições pelo plenário de deputados acusados de envolvimento no mensalão. Ontem, anunciaram suas renúncias os deputados titulares Júlio Delgado (PSB-MG), Chico Alencar (Psol-RJ), Orlando Fantazzini (Psol-SP) e Benedito de Lira (PP-AL). Além deles, também anunciaram suas renúncias os suplentes Cezar Schirmer (PMDB-RS) e Cláudio Magrão (PPS-SP). Os deputados Nelson Trad (PMDB-MS) e Marcelo Ortiz (PV-SP) assinaram o pedido de desligamento, mas resolveram ficar no conselho até que os processos sejam concluídos. 

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