Aparecida – SP – Na missa em que afirmou que a Igreja Católica não faz proselitismo, mas cresce por atração, o papa Bento XVI não conseguiu reunir em Aparecida tanta gente quanto se esperava. Cerca de 150 mil fiéis assistiram ontem à missa ao ar livre no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, segundo o Exército. Isso é menos de um terço do número estimado pelos organizadores, de 500 mil pessoas.
O próprio clero católico deixou a desejar: cerca de 500 cadeiras ficaram sobrando do lado esquerdo do altar, uma das alas vips destinadas a convidados especiais. Os padres teriam sido barrados pela segurança porque não tinham se credenciado para ficar mais perto do papa. O recorde de público do Santuário Nacional é de 250 mil visitantes.
Sem atropelos
Na grande área aberta onde a missa foi rezada, não houve tumulto. Os fiéis e os vendedores ambulantes puderam caminhar com facilidade. ?Vendi meus terços normalmente, como num domingo de festa. Era como se o papa não estivesse aqui?, contou Maria Aparecida Souza, que há 20 anos vende terços e medalhas no estacionamento da basílica.
Os temidos engarrafamentos na Via Dutra não ocorreram. Muitos hotéis ainda tinham quartos para turistas. As pessoas conseguiram caminhar e dirigir sem tumultos pelas ruas da pequena cidade de 35 mil habitantes. Não só o número de fiéis ficou abaixo das expectativas. Também a celebração da missa foi uma cerimônia sem muita emoção, um contraste com a passagem de João Paulo II pela cidade em 1980.
Segundo o Exército, os motivos para o público aquém do esperado foram a coincidência com o Dia das Mães – houve gente que preferiu passar o dia em família – e a intensa cobertura dos meios de comunicação – as pessoas puderam acompanhar em detalhes o passo-a-passo do papa sem sair de casa.
Noticiário
O padre Darci Nacioli, ex-administrador do Santuário Nacional, jogou a culpa nas notícias de que multidões invadiriam Aparecida.