Hospital usará cães no tratamento de crianças em Rio Preto

Cães treinados ajudarão no tratamento de crianças internadas na pediatria do Hospital da Criança e Maternidade de São José do Rio Preto, interior de São Paulo. É o primeiro hospital da região a adotar o contato com esses animais como terapia auxiliar no tratamento de pacientes. Colaboradores e funcionários recebem treinamento nesta sexta-feira, 16, preparando-se para o primeiro contato dos animais com as crianças, no próximo dia 21.

A pediatria abriga em média 60 crianças até 13 anos, mas não estão incluídas no projeto as internadas na unidade de terapia intensiva ou que apresentam restrições médicas para a atividade. Inicialmente, quatro cães foram treinados para o projeto: ‘Lola’, uma golden retriever; ‘Linda’, uma cooker spaniel; ‘Mel’, uma yorkshire, e ‘Bud’, um animal sem raça e o único macho do grupo. A psicóloga Taís Milani, que desenvolveu o projeto ‘Cão Afeto’ com a colega Laura Torrezan, conta que a inspiração veio de um programa já desenvolvido no Hospital São Paulo, na capital.

No treinamento, elas vão apresentar aos funcionários as normas para o uso dos animais com segurança em ambiente hospitalar e estudos que comprovam a eficácia do tratamento psicoterapêutico com cães. O primeiro contato dos pacientes infantis com os animais será no hall do 7º andar do hospital. As crianças que não puderem sair do leito por recomendação médica, receberão a visita dos cães na pediatria. Enfermeiros e auxiliares acompanharão os contatos.

De acordo com o diretor do hospital, Antonio Carlos Tonelli Gusson, o projeto foi precedido de uma pesquisa sobre experiências realizadas na Europa, Estados Unidos e em outras cidades do Brasil. “Esperamos criar uma relação afetiva entre as crianças e esses animais, que são dóceis e muito treinados. Essa atividade, somada a outras que já temos, deve colaborar para que a criança tenha uma recuperação melhor e mais rápida.”

O HCM, como é conhecido o hospital, foi criado no final de 2013, após desvincular os setores de pediatria e obstetrícia do Hospital de Base de Rio Preto. Mais de 50% dos atendimentos são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Podemos dizer que nosso hospital também é uma criança e pretendemos que esse projeto cresça com ele e sirva de inspiração para outras cidades”, disse Gusson.

Projetos

Organizações não-governamentais, como o Instituto Cão Terapeuta, desenvolvem projetos de terapia com o uso de cachorros para crianças, idosos, pessoas debilitadas e com necessidades especiais. Em São Paulo, a cãoterapia é oferecida a hospitais e asilos pelo Instituto Nacional de Ações e Terapias Assistidas por Animais (Inataa). Entre os benefícios estão a melhora na capacidade motora e memória, aumento da autoestima, ação calmante e resgate da afetividade. Em muitos casos, houve redução na necessidade de medicamentos.

Em Jundiaí, interior paulista, o cachorro ‘Negão’ ficou conhecido depois de permanecer vários dias em vigília na porta do hospital em que seu dono, o vendedor Olívio Yamamoto, ficou internado após sofrer um enfarte, em setembro. Funcionários e taxistas passaram a alimentar o animal. De acordo com o médico Wagner Tego Filho, que atendeu o doente, Yamamoto teve recuperação mais rápida após tomar conhecimento de que o cão o aguardava na porta do hospital.

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