Governo reage e dá troco na oposição

Brasília – Com a participação do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), o governo, o PT e os partidos da base aliada fizeram ontem uma manobra que pegou a oposição de surpresa e concedeu urgência para a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) destinada a investigar as denúncias de compra de votos na reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de pagamento de "mensalão" a parlamentares da base atual.

"Isso é muito grave porque mostra a interferência direta do presidente da República na pauta da Câmara", atacou o líder do PFL na Casa, Rodrigo Maia (RJ). "É a aprovação da CPI do abafa", esbravejou o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). "Esta CPI está destinada a abafar os escândalos. Nada será investigado", disse o vice-líder do PSDB Mendes Thame (SP).

"É um dia de muita vergonha para a política e para a Câmara porque o governo subjugou o Poder Legislativo", complementou o coro dos descontentes o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM). Para os partidos de oposição, fazer a CPI da compra de votos e da mesada somente na Câmara é pedir para que nada seja investigado.

"Como é que parlamentares do PP e do PL, suspeitos de receber o ‘mensalão’, vão investigar a si próprios? É preciso que o Senado também participe da CPI", disse ainda Avelino. Para a oposição, ao decidir pela urgência de uma CPI somente na Câmara, a administração federal condenou-a ao fracasso. "Ainda inventaram essa história de compra de votos para a reeleição. Essa investigação não vai para a frente", disse Maia. "Isso é chantagem." Para dar a urgência ao projeto de resolução que cria a CPI da compra de votos e do "mensalão", PT e o Poder Executivo agiram rápido.

Logo pela manhã, depois de prestar depoimento na Comissão de Sindicância da Câmara que apura denúncias de corrupção nos Correios, o presidente nacional do partido, José Genoino, reuniu-se com parlamentares fiéis da legenda. 

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