Governo prepara plano B para garantir os R$ 260

Brasília – Apesar de o governo não ter conseguido definir ontem os votos necessários para aprovar no Senado a Medida Provisória que fixou o salário mínimo em R$ 260, ela será votada hoje. A confirmação é do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Ele disse que vai cumprir o acordo de procedimentos que prevê a votação de uma matéria, com ou sem acordo, após três dias de prazo de discussões, para que os líderes tentem um consenso.

Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou pessoalmente, ontem, na tentativa de convencer os senadores reticentes. O governo tem minoria e a oposição aos R$ 260 conta com no mínimo 40 votos. O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) aparentemente pode ser voto favorável ao governo. Suassuna ameaçou renunciar ao cargo de vice-líder do governo e votar contra a MP do mínimo porque o governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), adversário político dele, conseguiu emplacar três diretores do recém-criado Instituto Nacional do Semi-Árido (Insa). O assunto teria sido contornado.

Mas as dúvidas no governo quanto a uma vitória são tantas que o Planalto trabalha com um plano B, em caso de a MP ser derrotada. A tática principal é a de derrubar no voto o mínimo de R$ 275 proposto pela oposição no plenário do Senado. Mas os articuladores da administração federal preparam uma alternativa para o caso de derrota, com o apoio do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). Mas não será tarefa fácil evitar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja forçado ao desgaste do veto presidencial à MP, último recurso para impedir o reajuste do mínimo, que, segundo o Poder Executivo, causaria desastrosos prejuízos à Previdência Social.

“Estamos nos organizando para bater duro no Senado e manter o mínimo de R$ 260, caso a proposta seja derrubada pelos senadores”, confirma o líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP). “Acertamos com o João Paulo a alternativa de aprovar o mínimo atrelado a uma política de reajuste com base no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)” completa o presidente da Comissão de Orçamento, deputado Paulo Bernardo (PT-PR). Falta, porém, convencer a base a apoiar o plano B do Executivo. “Se a MP do mínimo voltar para a Câmara com o valor maior, os deputados deverão confirmar os R$ 275”, adverte o líder do PSB, deputado Renato Casagrande (ES). Casagrande argumenta que, desde o início das negociações, havia fortes resistências da base aliada a aprovar os R$ 260.

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