Governo ajuda a investigar Duda Mendonça

Os ministros da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e das Relações Exteriores, Celso Amorim, comprometeram-se ontem a ajudar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios a aprofundar as investigações sobre as contas do publicitário Duda Mendonça no exterior.

Na mais incisiva ação para rastrear a movimentação financeira de Duda Mendonça e acabar com as dificuldades de acesso à documentação, o líder do PT no Senado e presidente da CPI, Delcídio Amaral (MS), recorreu ao governo e ouviu de Bastos e Amorim a promessa de que, até o fim deste mês, parlamentares da comissão estarão nos Estados Unidos para buscar informações.

Desde agosto, quando o publicitário surpreendeu a CPMI, ao revelar que abrira uma conta no exterior para receber o pagamento dos serviços prestados à campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a comissão tenta enviar uma equipe aos EUA.

A viagem de parlamentares fora anunciada diversas vezes, mas nunca concretizada. ?Não queremos criar constrangimentos às autoridades e vamos fazer tudo o que a diplomacia determinar?, disse Amaral, após o encontro com eles, no Itamaraty. ?Precisamos compatibilizar os dados das contas de Duda.? O roteiro e o esquema de trabalho dos parlamentares nos EUA ainda serão definidos pelas autoridades dos dois países. No encontro, ficou decidido que, na segunda-feira, o Itamaraty organizará uma conversa telefônica entre Bastos e o secretário de Justiça dos EUA, Alberto Gonzalez, para acertar a visita dos políticos.

Ainda não está decidido quem assumirá o comando do grupo: o líder do PT no Senado e presidente da CPI dos Correios ou o relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Amaral disse, contudo, que dois parlamentares, sendo um da oposição e outro da base governista, estarão na comitiva. A idéia é visitar Miami e Nova York. As investigações sobre a movimentação financeira de Duda Mendonça estão atrasadas, bem como sobre a situação dos fundos de pensão.

São dois temas delicados que a CPMI trata de forma cuidadosa para evitar dúvidas no relatório. Ao mesmo tempo em que negocia com a administração federal o acesso às contas do publicitário, o líder do PT no Senado e presidente da CPMI começou também a articular um apoio político, tanto da oposição como do Poder Executivo, ao parecer final da comissão, que será apresentado entre 15 e 20 de março.

Nos últimos dias, Amaral reuniu-se com os presidentes nacionais do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE). Aos tucanos, ele informou que o caso do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) será incluído no documento final, uma vez que o esquema do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza foi usado pela primeira vez em 1998 para financiar a campanha dele à reeleição ao governo de Minas Gerais – todos os partidos estarão envolvidos no relatório final.

É intenção da CPMI pedir o indiciamento de Azeredo, mas Amaral prefere não antecipar os termos do parecer. Além da oposição, o líder do PT no Senado e presidente da comissão conversou também com o pré-candidato a governador de São Paulo Aloizio Mercadante (PT) e com outros parlamentares da legenda. O objetivo é evitar que a sigla apresente um documento paralelo ao de Serraglio, tentando minimizar os efeitos das acusações contra a agremiação e o Executivo.

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