Fundos deram R$ 389 milhões ao valerioduto

Um relatório preliminar apresentado ontem na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios apontou que, em 2003 e 2004, os Bancos BMG e Rural receberam de nove fundos de pensão R$ 389 milhões em aplicações em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e no Fundo de Investimento Financeiro (FIF). Segundo o levantamento, preparado pelo sub-relator de Fundos de Pensão da CPMI, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), os investimentos dos nove fundos aumentaram, consideravelmente, nos dois bancos: saltaram de R$ 48,8 milhões, em 2003, para R$ 533,6 milhões, em 2004, levando-se em conta as reaplicações de recursos.

Na mesma época, foram feitos saques no BMG e no Rural das contas operadas pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como o operador do ?mensalão?. ?Há uma relação direta entre os investimentos realizados pelos fundos de pensão no BMG e Rural e várias irregularidades detectadas pela CPI?, disse ACM Neto. ?Essa sua afirmação é algo que não se sustenta matematicamente, financeiramente nem politicamente?, reagiu a líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC), que protagonizou um bate-boca. Na avaliação do sub-relator de Fundos de Pensão da CPI dos Correios, os investimentos feitos pelos fundos de pensão foram uma maneira de compensar tanto o BMG quanto o Rural pelo risco que correram ao emprestar R$ 55 milhões para Valério, sem garantias. Em 2003, as duas instituições emprestaram R$ 40,8 milhões para as empresas de Valério. Em 2004, o BMG emprestou R$ 14,4 milhões. ?Foi a recompensa dada ao BMG e ao Rural por participarem desse esquema espúrio. Esses investimentos foram um prêmio?, afirmou ACM Neto. Na tentativa de comprovar a tese, ele apresentou dados que apontam o aumento dos investimentos dos fundos de pensão entre 2003 e 2004 no Rural e no BMG.

Ao todo, a CPI quebrou o sigilo bancário e fiscal de 14 fundos de pensão. O trabalho apresentado ontem refere-se a 12. A Prece – Previdência Complementar não foi incluída no relatório de hoje porque o Supremo Tribunal Federal (STF) deu uma liminar proibindo a divulgação de dados sigilosos da fundação. A Fundação Sistel de Seguridade Social também foi retirada do relatório sob a alegação de que é um fundo financiado por empresas privadas.

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