França pede desculpas ao Brasil

Paris – O ministro de Assuntos Exteriores da França, Dominique de Villepin, pediu desculpas ontem ao chanceler brasileiro, Celso Amorim, pelo episódio da tentativa de resgate da política colombiana seqüestrada Ingrid Betancourt. Villepin “evocou as condições de urgência que levaram ao envio de uma missão médica a Manaus, lamentou não ter podido, como desejava, ligar antes” para o chanceler brasileiro e lamentou também a situação embaraçosa criada para as autoridades brasileiras, informou informa o comunicado. Amorim manifestou na segunda-feira o mal-estar do Brasil em relação à França por ter recebido informação “parcial e tardia”.

O governo francês assegurou “o desejo de que isso não se repita”. No entanto, ao falar em “missão medical”, a nota mostra que o governo francês continua tratando o caso sem mostrar a verdade sobre a operação. Uma missão de diplomatas e militares franceses, num avião militar Hércules, pousou em Manaus no início de julho em uma operação clandestina para tentar supostamente negociar na Amazônia com as Farc a libertação da ex-candidata à Presidência da Colômbia Ingrid Betancourt, seqüestrada desde fevereiro do ano passado. Os governos do Brasil e da Colômbia não foram avisados ou consultados sobre a operação.

Marco Aurélio Garcia, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem que o trabalho do Itamaraty no episódio foi “criterioso”. Mas o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) criticou o episódio e a postura do governo brasileiro. “A França tratou o Brasil como uma colônia.” Hauly é da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Ele defendeu que o Brasil deveria expulsar o cônsul da França em Manaus devido à tentativa, por parte de membros do governo francês, de negociar com as Farc na Amazônia brasileira sem o conhecimento do governo brasileiro.

“O Brasil está amaciando a situação devido a um caso de amor antigo com a França. Essa legião estrangeira Brancaleone desceu em Manaus, alugou um avião, foi ao ponto combinado e não tinha ninguém. Eles levaram um boné, um 171. A França não é um país sério, hein”, diz o deputado. Hauly pediu providências por escrito ao governo brasileiro. “Eles abusaram de nossa amizade. A operação foi ridícula. O Brasil deveria repudiar o governo francês e deportar todos os integrantes dessa missão que ainda estão no Brasil. Inclusive o consul francês em Manaus.”

Pinheiro Guimarães, segundo Hauly, colocou “panos quentes” em seu depoimento à Câmara. Segundo o deputado, o secretário-executivo do Itamaraty chegou a dizer que não poderia falar oficialmente nos termos em que falou à Comissão da Câmara. “A história das relações com a França inibiu o Brasil”, diz.

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