Fora da favela, polícia busca assassinos de operários

Sem entrar nas favelas do Complexo do Alemão (zona norte) há 510 dias, a Polícia Civil aposta na investigação para identificar os assassinos dos três operários mortos na manhã de domingo. “Ir até lá e alguém falar é impossível. Vamos trabalhar com informações de outros inquéritos, escutas autorizadas pela Justiça e depoimentos de outras pessoas da quadrilha”, afirmou o delegado da 22ª Delegacia de Polícia da Penha, Jader Amaral.

O delegado afirma que o inquérito pode ser concluído agora com os líderes do tráfico responsabilizados pelos homicídios ou os investigadores esperam o surgimento de informações. “Tudo o que acontece nestas comunidades é por determinação dos líderes, mas também podemos aguardar. Muitas vezes um preso revela algo em um depoimento sobre outro inquérito”, disse Amaral.

Os quatro operários da empresa Lafarge foram alvejados por traficantes na Favela da Fazendinha quando iam para o trabalho. Um deles sobreviveu e contou que os criminosos confundiram o grupo com traficantes rivais. Eles não estavam no veículo identificado da empresa, que havia enguiçado e usavam uma Saveiro identificada apenas com uma bandeira verde. A Lafarge extrai brita de uma pedreira localizada no interior da favela.

A dificuldade da polícia para entrar no Complexo do Alemão ficou clara em dezembro. A Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados descobriu na Favela da Fazendinha, uma das comunidades do Alemão, um depósito com 20 toneladas de trilhos de ferrovia roubados, mas não apreendeu o material. Na ocasião, o delegado Ângelo Lages declarou que seria necessária “uma operação de guerra” para garantir a retirada do material. Apreensão demoraria uma semana e teria que contar com o auxílio de 80 caminhões.

A justificativa das autoridades é que a polícia está investindo no trabalho investigativo. Em junho de 2007, uma operação policial no Complexo do Alemão resultou na morte de 19 traficantes e provocou protestos de entidades internacionais, que denunciaram execuções na ação policial. Atualmente, o conjunto de favelas é a principal vitrine do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) no Estado com mais de R$ 600 milhões previstos em investimentos.

Tiroteio

Um homem morreu e três moradores ficaram feridos em um confronto armado na Favela do Barbante, em Campo Grande, na zona oeste do Rio. De acordo com a polícia, a região é disputada entre traficantes e milicianos.

O morto foi identificado como Glaydson Almeida da Cruz, de 19 anos. Dois adolescentes e uma mulher foram feridos. A Divisão de Homicídios da Barra da Tijuca investigará o confronto.