FMI faz erros na América Latina

Brasília – O ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, reagiu ontem à divulgação do relatório do Escritório de Avaliação Independente do Fundo Monetário Internacional (FMI) que reconhece erros no acompanhamento da economia brasileira e contém críticas à condução da política econômica no governo anterior nas áreas fiscal e de câmbio. “Acho que o FMI deve dar menos opiniões sobre o Brasil”, disse Berzoini. “O FMI deve opinar sobre os erros que cometeu na América Latina em muitos processos de crise, onde indicou políticas equivocadas. Pessoalmente, não ligo para a opinião do FMI.”

Na visita anterior da equipe do Fundo ao Brasil, o ministro da Previdência se recusou a receber os técnicos, sob a alegação de que a negociação era de responsabilidade do ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Questionado ontem sobre o teor do documento, Palocci evitou fazer comentários, argumentando não ter lido o relatório. O ministro da Fazenda descartou a possibilidade de a divulgação do texto, no momento em que uma missão do Fundo se encontra no País, ser uma forma de pressão para que o governo renove o acordo com o organismo. “Estão falando do governo anterior”, disse.

Já o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, afirmou que o relatório “dispensa comentários”. “É público e notório que isto aconteceu”, disse, referindo-se aos erros de avaliação do Fundo. Não vejo por que o FMI tenha de fazer essas análises, mas fez e cada um tire as conclusões que considerar necessárias.” Segundo Dirceu, “o importante é o País olhar para a frente”.

“Nós precisamos fazer as reformas da Previdência e tributária, aprovar a Lei de Falências e reduzir os juros de maneira consistente para que o País possa ter juros menores para a produção e o consumidor de baixa renda.”

Para o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Otaviano Canuto, a divulgação do relatório não tem nenhuma relação com a presença da atual missão técnica do FMI no País. Ele também rejeitou a hipótese de a divulgação de críticas ao regime fiscal brasileiro no início do governo Fernando Henrique Cardoso ser uma pressão sutil sobre o atual governo. “O Fundo não nos pressiona de forma alguma”, garantiu. O chefe da missão do FMI que se encontra no Brasil, Jorge Marquez-Ruarte, não quis comentar o documento, alegando que ele foi produzido por um órgão independente.

O ponto central das críticas do relatório é o regime de câmbio administrado que vigorou no Brasil entre 1995 e o início de 1999. Segundo o documento, o FMI errou ao concordar com sua aplicação. Canuto, no entanto, amenizou a crítica.” Quem no mundo não errou no que diz respeito a regimes de câmbio fixo?”, questionou. Na época, havia economistas recomendando ao Brasil que adotasse um regime cambial nos moldes do argentino, ainda mais rígido. “Hoje, essa é uma questão superada”, observou o secretário.

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