Filiações transformam Congresso em ?feira livre?

Brasília – Às vésperas do fim do prazo das filiações partidárias para as eleições de outubro de 2004, o Congresso virou mercado de troca. Na quarta-feira, o senador Leomar Quintanilha (PFL-TO), era disputado pelo PTB, pelo PL e pelo PMDB, todos da base aliada. Teve longas conversas com o senador Fernando Bezerra (RN), líder dos trabalhistas. Os argumentos mais fortes, porém, partiram do PMDB do senador José Sarney (AP), presidente do Senado e aliado do governo Lula.

O convite do PL partiu do vice-presidente José Alencar, que recebeu o senador numa audiência para tratar da transposição das águas do Rio São Francisco. Quintanilha agradeceu: “Tenho compromisso com o Sarney. Vou para o PMDB”, disse. Os partidos de oposição encolheram, e muito. O PSDB elegeu 70 deputados em 2002. Quando tomou posse, em fevereiro, a bancada era de 63. Semana passada, tinha 54. O PFL segue trajetória semelhante: elegeu 84 deputados, empossou 75 e hoje tem 67, ainda incluindo os que anunciaram a saída nos últimos dias.

Já os partidos governistas seguem caminho inverso. O PL, em bloco com o PSL, tinha 26 deputados em outubro de 2002. Tomaram posse 33. Agora, a aliança tem 41 representantes, e 40 são do PL. O PTB fez nas urnas 26 deputados. Assumiram pelo partido 41. E já são 52 os trabalhistas, sem contar os recém-convertidos. “Deve ser o apelo da carta-testamento de Getúlio Vargas”, ironiza o senador César Borges (PFL-BA).

O PFL tenta manter outro senador tocantinense, João Ribeiro, cortejado pelo PTB. Reconciliada com o partido, a senadora Roseana Sarney (MA) quis ajudar. Na quarta-feira passada, procurou-o e pediu que ficasse na legenda, ainda que votasse a favor do governo, como ela mesma pretende fazer no caso das reformas constitucionais. “Ficamos e fazemos um bloco dissidente”, disse.

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