Felício diz que a CUT não aceitará o impeachment

Arquivo / O Estado

João Felício: querem derrotar o
Lula, que o derrotem nas urnas.

São Paulo – O secretário sindical do PT e geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Antônio Felício, disse ontem que a entidade não aceita que seja aberto um processo de cassação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em debate com o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, transmitido pela Rádio Central Brasileira de Notícias (CBN), Felício disse que "as pessoas que tanto falam de impeachment hoje já foram descobertas com caixa dois, acobertaram CPIs (comissões parlamentares de inquérito)".

"Achamos que aqueles que querem derrotar o Lula que o derrotem no processo eleitoral no ano que vem e não se utilizando de artifícios pouco condizentes com a democracia", afirmou. "A gente sabe muito bem que, no governo passado, se descobriu caixa dois de R$ 10 milhões e foi acobertada CPI na época. Portanto, é necessário que se faça uma verdadeira Mãos Limpas neste País", acrescentou, referindo-se à operação que combateu a máfia na Itália.

Para ele, o presidente "está na lógica correta", ao se defender e pedir apoio à sociedade, classe média, empresários e movimentos sociais. "Vamos tomar cuidado com esse cenário que alguns setores da sociedade estão apresentando à sociedade brasileira", afirmou. Felício reiterou que os movimentos sociais darão apoio ao governo, mas disse que também exigirão mudanças na política econômica e a apuração de todas as denúncias, com a punição dos culpados.

Paulinho negou que a Força Sindical participará das mobilizações anunciadas pelo secretário nacional do PT e geral da CUT. O presidente da Força Sindical disse que a gestão Lula traiu os princípios que a elegeram e fez uma política econômica voltada para o sistema financeiro, em detrimento dos trabalhadores. "Ele fez uma política voltada para um lado e agora tem de tentar se segurar naqueles que sofreram com o seu governo. Nós não concordamos", disse. "Ele fez um governo voltado para os ricos e faz discursos para os pobres."

Paulinho disse que a central sindical não acobertará as acusações que envolvem a administração federal. "As denúncias são graves e vão chegar até o presidente Lula. Não tem como não chegar. A discussão hoje é se o Lula sabia; isso já tá superado. Que ele sabia, sabia. É se ele não participou desta história", declarou.

Esclarecer

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sugeriu ontem que Lula conceda uma entrevista coletiva para esclarecer ao máximo as dúvidas que pairam em relação às denúncias que atingem o governo. Suplicy pediu ainda para que Lula aja o mais rápido possível na tentativa de amenizar a crise política. "Temos toda a possibilidade de resgatar a credibilidade. Agora, vai depender muito de como vamos corrigir a situação presente. É muito importante a participação do presidente Lula nos seus atos e decisões do cotidiano. Quero fazer uma recomendação ao presidente: para que em breve possa dar uma entrevista coletiva, respondendo a toda e qualquer pergunta, porque isso vai contribuir para o esclarecimento dos fatos", disse. 

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