Falando a militares, Nelson Jobim não garante reajuste

Embora tenha dito, em 31 de outubro, que "tinha esperança" de que os militares conseguissem um aumento salarial até o final do ano, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, enterrou nesta terça-feira (11) as expectativas da categoria de obter, pelo menos, uma promessa concreta de reajuste salarial. No almoço de confraternização com os comandantes das três forças e os oficiais-generais, no Clube Naval, nesta terça-feira, o ministro Jobim, avisando que estava transmitindo um comunicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também presente à solenidade, disse que "os entendimentos sobre a remuneração das Forças Armadas estão em fase de finalização". Mas Jobim não sinalizou com nenhum índice e nem apresentou uma data provável para a concessão do reajuste.

O Ministério do Planejamento resiste à idéia de concessão de um reajuste para todos os militares das Forças Armadas e queixa-se que o pessoal da reserva não poderia receber o mesmo que o pessoal da ativa. O Planejamento, embora reconheça que os militares ganhem "muito pouco", alega que, como o contingente é muito grande, qualquer reajuste tem um impacto muito grande na folha de pagamentos da União, e que, por isso, o pessoal da ativa acaba sendo prejudicado por causa dos da reserva.

O estudo que existe na Defesa e foi apresentado por Jobim ao Planejamento, é de reajuste de 27,62%, sendo 11,24% retroativo ao mês de setembro, e 11,71% em setembro do ano que vem. O ministro Jobim não confirma que endossará estes índices do estudo, alegando que eles estão ainda em análise. O impacto previsto se este reajuste for acertado é de R$ 1,68 bilhão este ano; R$ 5,89 bilhões no ano que vem e R$ 8,32 bilhões em 2009.

"O presidente determinou ao ministro esta decisão e este fato (de que os estudos estão em fase de finalização) para que possamos ter a clareza de que, no ano que vem, nós construiremos um desempenho e um desenho futuro de uma grande nação. E uma grande nação, sem ter uma grande e efetiva e eficaz, leal e honrada Forças Armadas não é possível", disse Jobim, em discurso na cerimônia. "E é por isso que nós estamos a desenvolver este trabalho para termos esta reunião (que decidirá pelo reajuste)", completou Jobim.

O presidente Lula, no entanto, que discursou depois de Jobim, sequer fez qualquer referência à possibilidade de concessão do reajuste. As informações vagas repassadas pelo ministro, no discurso, e o silêncio do presidente Lula sobre o tema, deixou os militares frustrados. Eles esperavam, pelo menos, acenos mais concretos do presidente Lula, com alguma promessa efetiva de índice e prazo.

O comandante da Marinha, almirante Júlio Moura Neto, falando em nome da Armada, da Aeronáutica e do Exército, lembrou as dificuldades que os militares estão enfrentando por causa dos baixos salários e defasagem nos seus equipamentos, fez a ressalva de que houve aumento da destinação de verbas do Orçamento para as Forças Armadas. "Como fiéis depositários e responsáveis maiores pela defesa da pátria, acompanhamos com especial expectativa os esforços desenvolvidos no intuito de recuperar as Forças Armadas, tanto no aspecto material quanto no salarial, garantindo as condições de corresponderem ao elevado conceito desfrutado junto à população. Nosso trabalho é silencioso, porém árduo e, por vezes, há que valer-se de criatividade para sobrepujar as deficiências e buscar sempre cumprir a missão atribuída", completou o almirante.

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