Expectativa de vida aumenta no Brasil

Rio (Agência Brasil) – Pela primeira vez na história a expectativa de vida do brasileiro superou os 70 anos. As estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2002, divulgadas ontem, mostram que ao nascer, a partir de agora, os brasileiros têm uma esperança de vida de 71 anos, acima da média mundial, de 65,4 anos e que o País ocupa a 88.ª posição no ranking da Organização das Nações Unidas (ONU), incluindo 192 países. O Japão é o primeiro colocado neste ranking, com 81,6 anos de probabilidade de vida, e o último lugar fica com a Zâmbia, onde a população vive cerca de 32,4 anos. Segundo o IBGE, esta era a expectativa do Brasil no início do século passado.

Tábua Completa de Mortalidade de 2002 revela que a esperança de vida do brasileiro, ao nascer, já aumentou 8,5 anos desde 1980, quando era de 62,5 anos. As mulheres vivem em média 74,9 anos, enquanto os homens chegam a 67,3 anos. A violência e os acidentes, principalmente os de trânsito, matam quatro vezes mais os homens do que as mulheres na faixa dos 20 aos 25 anos de idade. Em 1980, a probabilidade de morte dos homens em relação às mulheres neste grupo era 2,1 vezes maior.

Para o coordenador de População e Indicadores Sociais do IBGE, Luís Antônio de Oliveira, a diferença na esperança de vida, entre homens e mulheres, que no Brasil é de 7,6 anos, deve ser vista como um alerta, principalmente porque está relacionada a situações externas e não apenas a fatores biológicos ou ambientais. “Em quase todos os países do mundo as mulheres vivem mais que os homens, mas no caso brasileiro a diferença é um pouco elevada e explicada pelos altos índices de mortalidade por violência entre jovens de 20 a 24 ou de 20 a 29 anos, do sexo masculino”, explicou ele.

Oliveira salienta que, apesar da melhoria gradual e evidente nos níveis de esperança de vida da população brasileira, no plano de comparação internacional o Brasil ainda está numa posição intermediária. “Embora o Brasil venha ganhando posições, ainda há muito espaço a ser conquistado em termos de redução da mortalidade e da melhoria das condições higiênicas, sanitárias e sociais da população”, afirmou.

De acordo com a pesquisa, em 2002, a taxa no Brasil era de 28,4 mortes por cada mil crianças nascidas vivas, enquanto a média mundial era de 55,6. Entre os 192 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil ocupava a 100.ª posição. O primeiro foi Cingapura, com 2,9 mortes para cada mil nascidos e o último, Serra Leoa, com 177,2. Dados das Nações Unidas apontam que a mortalidade infantil no Brasil caiu 37% entre 1991 e 2000.

Segundo Oliveira, além de servirem de indicativo para as políticas de saúde e saneamento, os dados da pesquisa são utilizados pela Previdência Social para calcular os benefícios a serem pagos a partir do ano seguinte e, por isso, são divulgados no primeiro dia de dezembro.

Diferença entre homem e mulher

A distância entre as expectativas de vida dos sexos, no entanto, parou de crescer desde 1991 e já dá sinais de uma tendência de queda rumo a uma estabilização em patamares mais baixos. Em 1980, as mulheres viviam 6,1 anos a mais que os homens. Em 1991, a diferença aumentou para 7,7 anos e, em 2000, continuou no mesmo patamar. Em 2002, caiu ligeiramente, para 7,6 anos.

Este ano, o IBGE aperfeiçoou as estimativas de mortalidade da população, revisando os números de 1980 a 2001, em trabalho conjunto com a Organização das Nações Unidas (ONU). Foram incorporados aos cálculos os resultados definitivos do Censo 2000, além das informações sobre nascimentos e óbitos das Estatísticas do Registro Civil de 1999 a 2001, e dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2001.

O ranking compara a expectativa de vida nos 192 países filiados à ONU. Em primeiro lugar está o Japão, com esperança de vida de 81,6 anos. Em seguida vêm Suécia (80,1), Hong Kong (79,9), Islândia (79,8) e Canadá (79,3). O último do ranking é a Zâmbia, com 32,4 anos. Próximos ao Brasil estão países como Colômbia (72,2), Suriname (71,1), China (71,0), Paraguai (70,9) e Equador (70,8).

O brasileiro que hoje possui 30 anos tem uma probabilidade de vida 5,1 anos maior que aquele que completou 30 anos em 1980. E quem chega aos 60 anos hoje tem um ganho de 4,1 anos na expectativa de vida, em relação aos que tinham a mesma idade em 1980.

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