Estudantes debatem problemas do ensino médio

Brasília – ?O Ensino Médio que Queremos?, foi o tema de debate promovido ontem pelo Ministério da Educação (MEC) com estudantes de escolas públicas e particulares do país em busca de soluções para os problemas que o sistema educacional brasileiro enfrenta e para criar em conjunto uma escola menos utópica.

O ministro da Educação, Cristovam Buarque, explicou na abertura do debate, que quer ouvir dos alunos como deve ser a escola. ?Uma das coisas erradas que tem nesse país é que quando você quer fazer uma casa o arquiteto diz como a casa deve ser. Ele deve primeiro conversar com quem vai morar dentro da casa. Quem diz como a casa deve ser, é quem vai morar nela. Aí depois chama engenheiro e arquiteto para não deixar cair a casa?, exemplificou Cristovam.

O ministro admitiu que a ?escola não está boa, sobretudo o ensino médio? e questionou o tempo de permanência dos alunos dentro da instituição de ensino. ?Tem que ter quatro, seis horas de aula com a pessoa dentro da escola? Ou, de repente, pode fazer atividades fora que tenham validade para a escola??.

O estudante João Francisco Schramm, no último ano do ensino médio, do Centro Educacional da Asa Norte (Cean), em Brasília, defendeu uma carga horária de oito horas diárias. ?Em um dos períodos, o discente teria a oportunidade de praticar esportes, fazer aulas de canto ou criar alguma peça cursando artes cênicas, numa tentativa de aguçar o seu interesse?, argumentou.

Thessa Lais Pires e Guimarães, que cursa o 1º ano do ensino médio no Colégio Marista de Brasília, expôs sua preocupação com a rede pública de ensino, já que estuda em uma instituição particular. ?Tenho consciência de que faço parte de uma minoria privilegiada, mas nem por isso estou satisfeita com a condição da educação no Brasil?, afirmou.

Seu discurso abordou quatro tópicos: a democratização da educação; o vestibular; o aluno como sujeito/objeto da escola; e aluno/cliente da escola privada.

Para o estudante carioca Vinícius Miranda Bragança, de 17 anos, do Colégio Pedro II, uma interação das matérias com o dia-a-dia tornariam as aulas mais interessantes e explicativas. ?Visitas a museus para estudar história; a fábricas para conhecer a transformação de produtos econômicos e compreender as variações cambiais; e até mesmo a acampamentos do Movimento dos Sem-Terra (MST) colaboram no aprendizado?, acredita.

Reclamações com relação à infra-estrutura, incentivos aos professores e alunos, além da falta de material didático foi unânime entre os três estudantes.

O secretário do Ensino Médio do MEC, Antônio Ibañez, informou que estão sendo realizados estudos para dirigir as ações do governo. ?Nós estamos trabalhando em mudanças para o ensino médio em função de toda a história?, explicou.

Segundo Ibañez, uma problemática é a questão dos livros didáticos, que o governo não fornece para os estudantes do ensino médio. Outra questão a ser analisada é a merenda escolar que não existe para essa classe estudantil. ?Queremos encontrar as soluções, mas com a participação. Queremos ter um contato com os professores, com os alunos. Acho isso fundamental?, disse Ibañez. (Roberto Campanato)

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