Estado do Rio adquiriu ‘cultura de matar’, diz Beltrame

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse nesta terça-feira (17) que o Estado fluminense tem a “cultura de matar”. “Neste estado se criou há muito tempo a cultura de matar. ‘Meteu-se nos meus negócios, mato. Interrompeu a minha trajetória criminosa, mato. Se identifico um policial ou bombeiro (em um assalto), mato’. Perdi um dos meus seguranças com 82 tiros”, afirmou ele, na audiência pública da Comissão de Direitos Humanos na Assembleia Legislativa do Rio, referindo-se ao sargento Natan Evaristo da Silva, morto após reagir a um assalto na Linha Amarela, uma das principais vias expressas da cidade, em fevereiro do ano passado.

Beltrame afirmou que está na hora “dessa sociedade se perguntar que tipo de cidadão está produzindo”. “É um processo histórico. Em alguns lugares as pessoas convivem com armas, desconhecem o Estado ou a Constituição. Temos atuar conscientes de que é assim”, afirmou Beltrame.

Ele negou mais de uma vez aos deputados que a ocupação de favelas com as Unidades de Polícia Pacificadora substituirá a chamada “política de enfrentamento” adotada desde o início do governo Sérgio Cabral Filho (PMDB), marcado por megaoperações em favelas. “Uma ação não tem nada a ver com outra. O que mudou é que a polícia não entra mais em áreas conflagradas de forma açodada. Usamos o serviço de inteligência para atuar no momento menos traumático para a comunidade”, disse. Ele chegou a afirmar que a inteligência policial no Rio “é melhor que a da PF (Polícia Federal)”.

Milícias

O secretário apresentou aos deputados os números de milicianos presos desde 2006 e disse que o combate esses grupos não existia antes de sua gestão. “Quando que a polícia proporcionou o julgamento de vereadores e deputados (envolvidos com milícias)? Isso nunca foi feito.” De acordo com os números apresentados, em 2006, o último ano anterior a sua gestão, apenas cinco milicianos foram presos. No primeiro ano de Beltrame na chefia da pasta, em 2007, 24 paramilitares foram para a cadeia. Em 2008, este número pulou para 78 e este ano a polícia já prendeu 32 milicianos, informou.