Escuta de grampo aproxima ainda mais Paulinho de esquema criminoso

Um grampo capturado no dia 23 de janeiro de 2008, durante as investigações da operação Santa Tereza, é apontado pela Polícia Federal como novo elo entre o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, e a suposta organização criminosa que operava desvios de verba do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na gravação, dois dos réus da Santa Tereza discutem quem "é o chefe que define os porcentuais". Para os federais, "o chefe" é Paulinho.

A PF crava a informação ao cruzar o conteúdo da gravação com o interrogatório do coronel Wilson Consani Junior, realizado no dia 24 de abril. Na ocasião, ele afirmou: "Paulinho é o nosso chefe maior." Há quatro dias, Consani compareceu à Justiça Federal. Apesar de seu depoimento ter sido remarcado para o dia 23 de junho, reafirmou à imprensa: "O chefe é mesmo o Paulinho. É o tratamento que dávamos a ele".

Os réus pegos no grampo são Jamil Issa Filho – assessor do prefeito de Praia Grande (SP), Alberto Mourão (PSDB) – e o dono do prostíbulo WE Original, Manuel Fernandes de Bastos Filhos, o Maneco, até hoje foragido. Eles ainda não haviam sido tão fortemente ligados ao parlamentar. Contudo, para os federais, quando Maneco fala com Issa a respeito da verba do BNDES para Praia Grande, o acusado está falando de Paulinho.

De acordo com a Polícia Federal, o deputado receberia R$ 256.547,13 pelo empréstimo de R$ 123 milhões do banco estatal à prefeitura paulista. O valor foi encontrado em planilha na sede da Progus Consultoria, empresa de Marcos Mantovani, também réu da Santa Tereza.

Para os federais, a Progus atuava como mediadora entre as operações de empréstimo e os agentes políticos envolvidos no esquema. É o que Mantovani descreve, em e-mail capturado por peritos, como "um esquema de parceria típica de negócios e política".

O advogado de Paulinho, Antonio Rosella, afirma que as acusações contra o deputado são absurdas e que as citações a seu nome não significam que ele esteja envolvido no esquema do BNDES O defensor critica ainda o que denomina de "grampolândia".

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