Empresário envolve de 60 a 80 parlamentares

Foto: Agência Câmara

Luiz Antonio Vedoin: depoimento revelador à Justiça do Mato Grosso.

O vice-presidente da CPI Mista dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), afirmou, depois de uma conversa dos parlamentares da comissão com o juiz da 2.ª Vara da Justiça Federal de Mato Grosso, Jeferson Schneider, que é ?excepcional e aterrador? o depoimento do empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, dono da Planan, acusado de ser um dos chefes da chamada máfia das ambulâncias.

Segundo Jungmann, o depoimento de Vedoin é ?aterrador, porque se trata de um esquema criminoso envolvendo prefeitos de 19 estados, centenas de pessoas e entre 60 e 80 parlamentares, com indícios fortíssimos.? O deputado declarou-se convencido de que a CPMI confirmará essa dimensão do escândalo e o envolvimento dessas pessoas. ?Eu acredito que é o resultado ao qual vamos chegar. Aliás, tenho certeza?, afirmou Jungmann.

O juiz, que preside o inquérito sobre a máfia, está desde o dia 3 tomando o depoimento de Vedoin e deverá concluir o trabalho hoje ou depois. A máfia envolve parlamentares, empresários, assessores do Ministério da Saúde e prefeitos de vários estados em um esquema de venda de ambulâncias a preços superfaturados para prefeituras, pagas com recursos oriundos de emendas de parlamentares ao Orçamento da União.

Parlamentares da CPI esperavam ouvir Vedoin hoje, mas só poderão fazer isso quando o empresário concluir seu depoimento ao juiz Schneider. Ontem, eles interrogaram Maria da Penha Lima, ex-assessora do Ministério da Saúde e ex-funcionária da Planam, empresa de Vedoin envolvida no esquema de superfaturamento.

Maria da Penha é acusada de envolvimento na máfia. Logo após ser presa, ela prestou depoimento em que chegou a apontar suposto envolvimento de 81 parlamentares na fraude. Ontem, porém, a avaliação dos integrantes da CPMI é a de que ela não colaborou no depoimento. ?Ela está na contramão. Neste momento, Luiz Antônio Vedoin está colaborando, e outras delações virão?, disse Jungmann.

O empresário decidiu colaborar com a Justiça e contar tudo o que sabe, com o objetivo de conseguir uma pena mais branda, benefício conhecido como delação premiada. Ele entregou ao juiz documentos que ainda não constam do inquérito da Polícia Federal sobre o caso. Amanhã, se não puderem ouvir Vedoin, os integrantes da CPMI deverão tomar depoimentos de outras das pessoas envolvidas na fraude que estão presas em Cuiabá.

Vedoin afirma ter provas dos depósitos

Cuiabá (AE) – O empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, acusado de integrar a máfia dos sanguessugas e que aderiu ao programa de delação premiada do governo federal, vai oferecer elementos concretos comprobatórios da participação de parlamentares no esquema, de acordo com informação de seu advogado, Otto Medeiros. Vedoin é um dos donos da Planam, principal empresa do esquema de venda superfaturada de ambulâncias e equipamentos com dinheiro de emendas parlamentares.

Segundo o advogado, Vedoin dirá que o pagamento de propinas teria sido feito na forma de depósito em conta corrente, considerado uma prova contundente. De acordo com uma autoridade que acompanha o caso, aproximadamente 50 parlamentares estariam nessa situação.

Vedoin está depondo à Justiça desde a semana passada. Segundo Medeiros, todos os demais integrantes da família, inclusive o pai do empresário, Darci Vedoin, também dono da Planam e que tinha contato direto com parlamentares em Brasília, farão o mesmo em novos depoimentos nos próximos dias. A estratégia do advogado é buscar a redução ou anulação da pena dos Vedoin em troca da colaboração.

Investigado deixa mesa da Câmara

Brasília (AE) – O quarto secretário da Mesa da Câmara, deputado João Caldas (PL-AL), avisou ao presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que não participará das reuniões da mesa enquanto durarem as apurações sobre os sanguessugas, o esquema de superfaturamento de ambulâncias pagas com recursos da União.

João Caldas é um dos deputados que estão sob investigação da CPMI dos Sanguessugas. Aldo cobrou, indiretamente, a mesma atitude do segundo secretário Nilton Capixaba (PTB-RO), também investigado pela CPMI.

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