Empresa de filho de Lula intriga oposição

Por suspeitarem que a operação encobre tráfico de influência, parlamentares da oposição querem que seja investigado o gasto anual de cerca de R$ 5 milhões feito pela Telemar na empresa de Fábio Luiz Lula da Silva, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A Telemar gasta por mês R$ 415,75 mil com patrocínio e produção nos programas de tevê da Gamecorp, pertencente a ?Lulinha?, como é mais conhecido o filho de Lula. A transação chamou a atenção pelos valores envolvidos e pelo fato de o mercado explorado pela Gamecorp não movimentar cifras expressivas.

Brasília (AE) – O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), proporá que a apuração seja feita por uma das comissões parlamentares de inquérito (CPIs), a dos Bingos ou a dos Correios, ou por uma das comissões permanentes do Senado. Ele prevê que, se os fatos identificados pela apuração assim exigirem, será preciso convocar ?Lulinha? para depor. ?Dependendo do que for descoberto ele vai terminar vindo (depor); tudo virá da consistência dos fatos que viermos a apurar?, afirmou. ?Vamos agir com prudência, mas o fato é gravíssimo.? Para o vice-presidente nacional do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), há na operação indícios fortes de tráfico de influência que podem resultar em favorecimentos ilícitos.

Dias disse que vai sugerir ao presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), que designe uma das três empresas de consultoria que trabalham para a comissão para analisar a operação. ?Ou seja, checar se há retorno financeiro que justifique a iniciativa da Telemar ou se há algo mais por trás disso? defendeu. O senador lembrou que há reincidência na atitude da concessionária pública de favorecer o filho do presidente. ?O pior é que o presidente, a quem caberia zelar para evitar uma negociação espúria, foi condescendente na primeira vez?, disse. ?Aliás, ele sempre tem sido condescendente quando se trata de corrupção e de favorecimento ilícito?, criticou.

Integrante da Comissão de Ciência, Tecnologia e Comunicação da Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR) apresentará um requerimento convocando para depor os controladores da Telemar e dos fundos de pensão acionistas da operadora. Numa outra fase, acredita que também será preciso ouvir o filho de Lula, na qualidade de gerente da Gamecorp. De acordo com Barros, o que há com os repasses da Telemar é ?a transferência do recurso público para o privado?. Isso se dá, na opinião dele, a partir da condição do presidente como ?patrão? dos controladores das concessionárias de telefonia. ?A maior parte do capital da Telemar vem dos fundos de pensão, que são geridos por pessoas que o presidente nomeou para as estatais?, explicou. Barros destacou que o ?prestígio? da Gamecorp, diante das benesses da Telemar, é inédito, jamais igualado a nenhuma outra empresa do mesmo porte.

Voltar ao topo