Edinho, filho de Pelé, volta a ser preso

Depois de 47 dias em liberdade provisória, o ex-goleiro Edson Cholbi do Nascimento, Edinho, filho de Pelé, voltou ontem para a cadeia. Ele foi preso em seu apartamento, às 7h, em Santos, por policiais do Departamento de Investigações de Narcóticos (Denarc), que cumpriram mandado de prisão preventiva, determinado pela juíza-substituta da 1.ª Vara Criminal de Praia Grande (SP), Lizandra Maria Lapenna. O ex-atleta é acusado agora de lavagem de dinheiro.

A nova ação também é decorrente da Operação Indra, feita no ano passado, quando Edinho foi preso com Ronaldo Barsotti e outras pessoas acusadas de tráfico de entorpecentes, associação para o tráfico, posse de armas e munição e formação de quadrilha.

O diretor regional de polícia de Santos, Everardo Tanganelli Júnior, contou que ao ser preso ontem, ?Edinho estava calmo e não ofereceu resistência?. Às 15h30 Edinho deixou o local e foi levado para a Penitenciária de Tremembé (SP), onde já ficara preso antes da concessão da liberdade provisória, em 17 de dezembro.

Nicolau Aun Júnior, o Véio, também foi preso. Ele estava em sua casa na capital paulista e foi levado a Santos. É acusado de ser o responsável pela lavagem de dinheiro da quadrilha e a polícia apreendeu uma CPU de computador e uma caixa de documentos em seu apartamento. ?Tem documentos que mostram valores altíssimos e ele vai ter de se explicar?, disse o delegado Tanganelli.

Edinho e Nicolau permaneceram boa parte do dia numa confortável sala do gabinete do diretor regional de Polícia, com ar condicionado. Edinho estava abatido quando os repórteres fotográficos entraram. Vestia uma camiseta preta, calças cinza e tênis. Tinha um boné na cabeça e a barba estava por fazer. Os dois estavam sem algemas e aguardavam transferência.

Os advogados dos acusados se movimentaram muito, com amplo acesso aos seus clientes. Sidney Gonçalves, que defende Edinho, decidiu pedir a liberdade provisória à juíza de Praia Grande, deixando o pedido de habeas corpus para um segundo momento.

Para o advogado, ?a ordem de prisão não tem embasamento e nem motivo, até porque o que se justifica é um eventual atentado contra a ordem pública, a evasão do Edson?. Gonçalves comentou que esse risco não existe. ?Ele está solto há mais de 40 dias, residindo no mesmo local, com passaporte em poder da Justiça, foi preso em sua casa, está sob tratamento médico e trabalhando.? A prisão, disse, é injustificada.

?Caso não haja a concessão (de liberdade provisória), entraremos com habeas corpus no Tribunal de Justiça.? Sidney Gonçalves disse que tão logo soube da prisão ligou para Pelé, que está viajando, para relatar o ocorrido. ?Entrei em contato e ele ficou tão surpreso quando nós da defesa, pois inexiste motivo da prisão do Edson pela lavagem de dinheiro.?

Segundo o advogado, o novo processo não tem relação com a degravação das fitas de conversas gravadas pelo Denarc e que resultaram na Operação Indra. ?Esse processo de lavagem de dinheiro não tem relação com as degravações. São provas materiais e inexistem provas materiais de lavagem de dinheiro contra o Edson nesse processo.?

Já o delegado regional de polícia de Santos, Everardo Tanganelli Júnior, comentou que ?há inúmeras horas de gravações telefônicas e, com o tempo e as degravações, vêm surgindo fatos novos desde aquela época e a justiça, em cima de informações encontradas, decretou a prisão preventiva deles, tanto a lavagem de dinheiro quanto ao tráfico de entorpecente e a formação de quadrilha?.

Tanganelli explicou que o inquérito inicial abrangeu todos os crimes, inclusive a lavagem de dinheiro. ?Surgiram fatos novos e a prisão preventiva foi decretada.?

O advogado de Nicolau Aun Júnior, Joaquim Fernandes, disse que ficou surpreso com a prisão por lavagem de dinheiro, assim como seu cliente. ?A surpresa é tanta que no processo principal o Nicolau foi solto pelo juiz com base na declaração de renda dele dos últimos cinco anos. Todo o dinheiro dele e todos os investimentos têm origem e decretar sua prisão por lavagem de dinheiro é contrariar a decisão que o juiz titular tinha dado no processo principal.?

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