Denúncia de compra de voto mantém Acre sob tensão

Rio Branco – As urnas eletrônicas serão abertas no Acre em meio a denúncias de compra de votos, prisão de cabos eleitorais e muita tensão e apreensão entre os candidatos ao governo. O governador Jorge Viana (PT) tem a preferência de 67% do eleitorado, enquanto o peemedebista Flaviano de Mello aparece com 31% na última pesquisa do Ibope. Nas ruas, cada voto continua sendo disputado com a mesma paixão política que tem caracterizado os 100 anos da história do antigo território conquistado dos bolivianos durante a revolução acreana, liderada pelo gaúcho Plácido de Castro, em 1902.

Além de conquistar o segundo mandato no governo do Estado, o PT levará também uma das vagas de senador, com Marina Silva assegurando a reeleição. A outra vaga para o Senado deve ficar com o candidato do PSB Geraldinho Mesquita, aliado de Jorge Viana, impondo outra derrota ao grupo de Flaviano Melo ao impedir a vitória do senador Nabor Junior.

Na sexta-feira, por exemplo, a Polícia Federal prendeu em flagrante dois cabos eleitorais de um dos políticos mais tradicionais do Estado que tentava comprar votos de eleitores miseráveis por R$ 100: o ex-deputado Ronivon Santiago (PPB), o mesmo que em 1997 foi acusado de ter vendido seu voto a favor da reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso por R$ 200 mil.

Ronivon Santiago, seu cunhado Humberto, candidato a deputado estadual, o senador Nabor Júnior (PMDB) e seu companheiro de chapa Sérgio Barros (PSDB) foram denunciados por abuso de poder econômico pelo sub-procurador-geral da República Roberto Santoro, enviado a Rio Branco para acompanhar as eleições. O Ministério Público ingressou com um processo investigatório para tentar decretar a inelegibilidade dos quatro políticos.

Mais de 20 testemunhas já foram ouvidas pela Polícia Federal desde a madrugada de sexta-feira e confirmaram a história de que os quatro políticos rateariam o pagamento dos votos. As provas mais consistentes atingem Ronivon, já que o próprio ex-deputado teria comandado a reunião no Bairro Santa Inês na qual foi proposto o “negócio” para os moradores locais.

A Polícia Federal deve encaminhar à Colônia Penal de Rio Branco os dois cabos eleitorais de Ronivon presos com documentos que comprovam o aliciamento eleitoral. Advilson Nascimento de Lima possuía em sua casa o cadastro de 400 eleitores com a identificação do título eleitoral de cada um, e Geralda Costa da Silva possuía santinhos, um cartão de Ronivon com todos os seus telefones e as senhas que deveriam ser entregues aos eleitores cadastrados para que pudessem receber o pagamento.

O ex-deputado ainda não foi convocado para depor, mas passou a noite de sexta-feira na frente da sede da superintendência da PF, como se estivesse caçoando das autoridades. De acordo com o delegado Francisco Anchieta Lopes, existem indícios claros contra ele, mas só a Justiça eleitoral poderá dizer se são ou não consistentes. Mesmo podendo ser votados na eleição deste domingo, os quatro candidatos denunciados ficarão automaticamente impedidos de assumir o cargo que disputam se, até o dia da diplomação dos eleitos, em dezembro, forem condenados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). De acordo com fontes da PF, 30 agentes do Comando de Operações Táticas (COT) chegaram neste sábado em Rio Branco devido à denúncia de que um avião proveniente de Belém aterrisaria com cerca de R$ 3,5 milhões para serem usados na compra de votos.

Voltar ao topo