Criticado, Dirceu reclama apoio do PT

Nem todos os petistas ficaram satisfeitos com a afirmação do ex-deputado e ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, de que o ?PT é uma página virada? na sua vida. As reações foram diversas e alguns de seus amigos chegaram mesmo a ligar para ele, em Paris, lembrando-o que teria ido longe demais. José Dirceu, entretanto, se explicou: ?Ora, se a direção não me defende, o que posso fazer? Não posso ficar num partido em que esses dois falam o que pensam e a direção partidária continua não me defendendo?.

Paris (AE) – Ontem, José Dirceu viu sua tese confirmada com as declarações dos dois dirigentes petistas, entre eles o gaúcho Raul Pont, definindo como negativa sua postura nesse momento de crise que o PT atravessa e dizendo que Dirceu se encontra numa situação de ?depressão política?. O ex-ministro ouviu, registrou as críticas de seus dois colegas de partido, mas preferiu ficar quieto, evitando colocar mais fogo na fogueira. O ex-ministro José Dirceu considera encerrada sua missão atual em Paris, onde acelera a preparação de livro sobre os trinta meses de sua passagem na Casa Civil. Ele poderá antecipar para este fim de semana seu regresso ao Brasil.

Para rebater Dirceu, o ex-presidente nacional do PT, Tarso Genro, disse ontem que o ex-deputado deveria aprender com as lições do escritor Paulo Coelho e adotar uma postura mais tolerante na hora de ouvir o que outros petistas têm a dizer. ?Acho que ele deveria ouvir mais o Paulo Coelho e aproveitar as lições de tolerância dele?, ironizou, ao rebater o ataque feito por Dirceu. ?Acho que, neste momento, temos de ouvir o que as pessoas têm a dizer e não criar obstáculos ao debate?, ressaltou o ex-presidente nacional do PT, em referência ao movimento de refundação da sigla integrado por ele e Pont. ?Ele não quer nos ouvir, mas nós o ouvimos durante dez anos?, disse, acrescentando que Dirceu se mostrou ?incapaz de fazer uma autocrítica?. ?Ele deveria reconhecer que foi um dos construtores das derrotas que o PT viveu no governo.?

Já o deputado estadual e secretário-geral do PT, Raul Pont (RS), reagiu aos comentários de José Dirceu, de que o partido é uma página virada em sua vida, e sugeriu ao ex-ministro uma autocrítica da crise vivida pela legenda e o governo. Pont considerou ?uma declaração infeliz e lamentável? a frase construída por Dirceu sobre ele e o ex-ministro da Educação Tarso Genro. ?Não é possível, depois de tudo que aconteceu, de implantar uma política de alianças que nos deixou paralisados no Congresso Nacional, através da qual caímos na vala comum da troca de cargos, favores, financiamentos irregulares de campanhas, e o José Dirceu fala como se não tivesse nada a ver com isso. Não foi capaz, até hoje, de fazer uma autocrítica no partido, como tem dificultado a ação da Comissão de Ética do PT?, disse Pont, por meio de nota.

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