Crime fica desaforado e desafia o Estado, diz Lula

Maputo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou, ontem na África, onde está em visita oficial de oito dias, os ataques contra delegacias e carros da polícia em São Paulo. Segundo ele, os atentados são provocação de bandidos, que estão ficando “desaforados, desafiando o Estado”. “É mais difícil combater o crime organizado porque ele tem seu braço político, o seu braço judiciário, seu braço empresário e seu braço na sociedade civil”, disse o presidente.

Lula chamou esse tipo de ação de “provocação feita habitualmente no Brasil”. “Eles têm desafiado o Estado e eu acho que o Estado deve ser duro.” Para o presidente, o Ministério da Justiça está “construindo a base sólida para uma boa política de segurança pública no Brasil”, com convênios nos 27 estados para promover a integração entre as polícias Federal, Militar e Civil. “O crime organizado é mais difícil de combater porque tem o seu braço político, o seu braço judiciário, o seu braço empresário, o seu braço da sociedade civil”.

“É preciso ter a polícia mais inteligente, mais preparada, e é isso que estamos fazendo para combater esses crimes que acontecem no Brasil”, disse Lula, durante entrevista coletiva em Luanda, antes de embarcar para Maputo, capital moçambicana, em sua viagem de uma semana por cinco países africanos. Para o presidente, é preciso também mudar o sistema prisional, “para que quem esteja preso não possa de dentro da cadeia organizar o que aconteceu” segunda-feira.

No domingo passado, 11 bases policiais foram metralhadas por bandidos. Dois policiais militares foram mortos e seis ficaram feridos. Na madrugada de ontem, houve uma segunda onda de atentados: dois policiais militares foram baleados quando faziam ronda na Estrada de Itapecerica, na zona sul. Cinco homens armados tentaram invadir um posto policial na Capela do Socorro, também na zona sul, e um bandido morreu na troca de tiros. A delegacia do Capão Redondo, zona sul, foi metralhada na madrugada e dois homens presos, um deles menor de idade, depois que a polícia recebeu denúncia de que estavam comemorando o atentado num bar da região.

No Itaim Paulista, zona leste, uma bomba explodiu debaixo do carro de um investigador da Polícia Civil. Ameaças de bombas foram recebidas no prédio do Denarc, Departamento de Narcóticos da Polícia Civil, no Butantã, na zona oeste, e na delegacia do bairro do Ipiranga. As duas áreas foram interditadas.

Como reação aos ataques, a polícia de São Paulo fez ontem uma operação pente-fino em 14 presídios do estado, atrás de celulares e armas em poder de detentos. O Ministério Público atribui os ataques a uma reação do crime organizado à prisão do advogado do bando, Mário Sérgio. Segundo denúncia dos promotores, o advogado agia como pombo-correio do PCC, que age nos presídios paulistas.

Voltar ao topo