CPMI dos Correios quer achar conexão Duda-PT

Em busca de resultados pouco antes de seu encerramento, a CPMI dos Correios vai aproveitar o resto da semana de Carnaval para debruçar-se sobre as quebras de sigilos e os vários documentos que lotam sala de apoio da comissão. O foco principal serão os dados das movimentações bancárias do publicitário Duda Mendonça no exterior. Os parlamentares retornam a Brasília nesta quinta-feira.

Brasília (Congresso em foco)- Por meses os integrantes da comissão tentaram obter a quebra de sigilo do marqueteiro junto à promotoria de Nova York. Os integrantes da Corte norte-americana relutavam em abrir os segredos de Duda à CPMI, por entenderem que o órgão não se trata de um foro investigativo. Foi necessário que uma comitiva embarcasse rumo aos Estados Unidos para que o acesso aos dados fosse liberado aos parlamentares brasileiros.

Agora, com o sigilo nas mãos, a comissão tentará descobrir se o Partido dos Trabalhadores usou as contas do marqueteiro para lavar dinheiro no exterior. "Precisamos saber como se deram essas movimentações financeiras, como foram os recebimentos, de onde partiram os recursos para essas contas. Afinal, esses recursos saíram de e foram para onde?", disse o presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS).

Duda Mendonça foi o publicitário da campanha presidencial vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. Em depoimento à comissão no ano passado, o marqueteiro admitiu ter aberto uma conta no exterior para receber parte do dinheiro pelos serviços prestados ao partido de Lula.

Na ocasião, Duda argumentou não ter o costume de movimentar recursos fora do país e disse que a conta foi aberta por orientação do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como operador do caixa dois petista. Porém, meses depois, a Polícia Federal descobriu outras contas bancárias que o publicitário mantinha em paraísos fiscais.

Há duas semanas, a CPMI aprovou a convocação de Duda para depor novamente. A data ainda não foi definida, mas a expectativa é de que a audiência ocorra entre os dias 7 e 9 de março. Para esta semana, a comissão não agendou depoimentos e preferiu dar maior ênfase à análise dos documentos.

Apenas nas sub-relatorias, há depoimentos previstos. Na quinta-feira, a sub-relatoria de Fundos de Pensão vai ouvir representantes do conselho deliberativo da Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil. No mesmo dia, a sub-relatoria de Contratos interroga pessoas ligadas à Brazilian Expres Transportes Aéreos (Beta), empresa suspeita de fraudar licitações com os Correios.

Os trabalhos da CPMI dos Correios devem terminar até o fim de março, sem que haja a possibilidade de prorrogações, segundo o próprio presidente da comissão, senador Delciodio Amaral. A apresentação do relatório final está prevista para 21 de março. Espera-se que, entre outros temas, o texto ateste a existência do mensalão (mecanismo pelo qual o governo Lula remuneraria parlamentares da base aliada em troca de apoio no Congresso). Mas, os parlamentares preferem adotar a cautela a fazerem comentários. "Só vamos saber isso no dia 21", disse Delcídio.

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