CPMI dos Correios não acaba em pizza

O senador Alvaro Dias (PSDB/PR) disse na noite de quinta-feira em palestra no campus da PUCPR em São José dos Pinhais que "em razão de tudo o que já se apurou, não existe nenhuma possibilidade de a CPMI dos Correios terminar em pizza". O senador foi o orador convidado para o encerramento da Semana Acadêmica do Curso de Direito da instituição.

Alvaro Dias afirma que as investigações já levantaram provas mais do que suficientes para que os envolvidos no escândalo de corrupção, que atingiu o governo do PT, sejam responsabilizados civil e criminalmente. "O presidente Lula continua repetindo que fazemos acusações sem provas, como se não existissem já diversos réus confessos e provas materiais de crimes contra o sistema financeiro e contra a ordem tributária, em benefício inclusive do próprio presidente", diz Álvaro.

Para uma platéia de centenas de universitários que lotaram o auditório, o senador apontou, como prova de que o presidente Lula foi beneficiado pelo esquema de corrupção, a confissão do publicitário Duda Mendonça, que disse ter recebido, num depósito feito irregularmente no exterior, mais de R$ 10 milhões como pagamento de parte do seu trabalho na campanha para a eleição presidencial.

Corrupção

Evocando o ex-presidente da Câmara, Ulysses Guimarães, que dizia que as CPIs "vão pelo cheiro e chegam à corrupção", o senador chamou a atenção para o fato de que, por fazer uma investigação política, as CPIs nem precisam de provas; encontrando indícios, elas já podem solicitar ao Ministério Público o indiciamento dos suspeitos: "Mas a nossa comissão, além de indícios, reuniu confissões feitas em público e documentos mais do que suficientes para servir de prova", disse ele. O senador citou como exemplos de documentos irrefutáveis aqueles que Duda Mendonça apresentou, mostrando o caminho seguido pelo dinheiro que foi depositado em seu nome no exterior, além das provas de remessas ilegais para o exterior feitas pelas empresas do publicitário Marcos Valério e pela Guaranhuns, a empresa de fachada criada no Uruguai para "lavar" dinheiro.

Alvaro destacou que as informações que estão sendo divulgadas dão a impressão de que seria menor o número de envolvidos, mas, só deputados são vinte, um que foi cassado, cinco que renunciaram para fugir à cassação e 14 que estão sendo processados no Conselho de Ética. O senador lembrou que, logo no início dos trabalhos, apresentou um projeto alterando a Lei das Inelegibilidades, para tornar inelegível, na eleição seguinte, todo congressista que renunciar ao mandato. Mesmo com o seu projeto, ele acredita que "aqueles que tiverem coragem" vão poder disputar as próximas eleições, porque o líder do governo do Senado conseguiu impedir que o projeto tramitasse em "regime de urgência".

De qualquer forma, o senador está convencido de que a CPMI, antes mesmo de concluir seus trabalhos, já cumpriu o seu papel principal. "A faxina está sendo feita. Se formos eficientes, a população com certeza completará o trabalho nas eleições, condenando aqueles que eventualmente escaparem", concluiu.

Voltar ao topo