Conselho aprova a cassação de Corrêa

O Conselho de Ética da Câmara aprovou ontem o relatório que recomenda a cassação do deputado Pedro Corrêa (PP-PE), acusado de ter intermediado um repasse ilegal de R$ 700 mil de recursos do empresário Marcos Valério de Souza, em acordo com o PT. Foram 11 votos favoráveis e três contrários.

Os deputados Benedito de Lyra (PP-AL), Sandes Júnior (PP-GO) e José Carlos Araújo (PL-BA) foram contrários à cassação. A petista Ângela Guadagnin (SP) somou-se aos 11 votos, mesmo havendo a expectativa de que ela absolveria Corrêa, mantendo a sequência de votos contrários nos últimos processos de cassação. O PFL também deu seus dois votos pela cassação, os deputados Moroni Torgan (CE) e Jairo Carneiro (BA). O PP havia tentado indiretamente um acordo no Conselho de Ética para salvar o mandato do pefelista Roberto Brant (MG) ao determinar que o ex-deputado Pedro Canedo votasse pela absolvição.

Ao final da votação, o deputado do PP criticou o Conselho de Ética, dizendo que já havia uma posição definida antes mesmo do relatório ser apresentado, mas acredita que a recomendação da perda do mandato pode ser revertida no Plenário da Câmara. "Eu não peguei esse dinheiro, eu não fiz caixa 2, esses recursos não foram para o PP", disse. "Eu tenho certeza que é só um parecer e o plenário poderá reverter a decisão. E vou ser candidato novamente."

O relator do processo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) acredita que Corrêa terá a cassação aprovada pelo plenário. São necessários 257 votos para que o deputado do PP perca o mandato e fique inelegível por oito anos. "Eu aposto que o plenário vai acompanhar não o meu voto, mas a recomendação de cassação aprovada no Conselho de Ética por 11 deputados", afirmou Sampaio.

"Esses repasses, os quais os presidentes dos partidos não tinham a responsabilidade de contabilizar, ao contrário, queriam ocultá-los. Eles são a causa da crise que estamos vivendo hoje. Essa forma de proceder está completamente equivocada", disse o relator.

Corrêa foi citado no relatório preliminar conjunto das comissões parlamentares mistas de Inquérito dos Correios e da Compra de Votos por ter sido o intermediário de recursos repassados pelo empresário Marcos Valério de Souza, apontado como um dos operadores do suposto esquema de compra de votos de parlamentares da base aliada. Para o deputado Chico Alencar (PSOL-SP), os casos de deputados que tiveram relação com o "valerioduto" não podem ter pena alternativa. "Todos esses casos são de grande gravidade, porque envolvem recepção de dinheiro ilegal, não declarado", afirmou. O correligionário de Corrêa, Benedito de Lyra, havia proposto como pena a suspensão do mandato por 30 dias.

Na lista de Valério, o PP aparece como beneficiário de R$ 4,1 milhões, mas Corrêa contesta. Ele afirma que o partido recebeu R$ 700 mil para o pagamento do advogado Paulo Goyaz, que fez a defesa do ex-deputado Ronivon Santiago (AC).

Pedro Corrêa afirmou que não pretende se afastar da presidência do seu partido, apesar de responsabilizar o cargo pela sua condenação. "Os conselheiros deixaram claro que não recebi dinheiro, não fiz caixa dois, só fui condenado porque ocupo a presidência do partido", disse Corrêa, após a reunião do Conselho.

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