Conselho abre processo contra senadores

Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência Senado
Ney Suassuna: PMDB-PB.

Com o atraso de 13 dias, o presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto (PMDB-MA), abriu ontem o processo por quebra de decoro parlamentar contra os senadores Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT), que são acusados de integrar a máfia das ambulâncias. O relatório preliminar da CPMI dos Sanguessugas, que aponta o envolvimento dos três senadores e de 69 deputados, foi entregue ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no último dia 15.

Com a abertura oficial dos processos, os três senadores perderão os direitos políticos caso resolvam renunciar para fugir ao julgamento que poderá levar à cassação de seus mandatos. ?Espero que os processos estejam concluídos no Conselho de Ética entre os dias 20 e 24 de setembro?, disse João Alberto. O vice-presidente do Conselho, senador Demóstenes Torres (PFL-GO), foi designado para relatar o caso do senador Magno Malta. O senador Paulo Octávio (PFL-DF) deverá cuidar do envolvimento da senadora Serys com a máfia das ambulâncias e o senador Jefferson Peres (PDT-AM) ficará com o caso de Suassuna. Segundo João Alberto, Paulo Octávio teria optado por relatar o caso de Serys, que antes estava a cargo de Demóstenes Torres, sob a alegação de que é amigo de Magno Malta. Ele e o pefelista são evangélicos.

Magno Malta: PL-ES.

Os três relatores escolhidos são candidatos nas eleições de outubro: Demóstenes disputa o governo de Goiás, Paulo Octávio é candidato a vice-governador do Distrito Federal, e Jefferson Peres concorre à vice-presidência da República na chapa encabeçada pelo pedetista Cristovam Buarque. ?Os três relatores vão ter de parar suas campanhas e fazer as tratativas naturais para que os processos andem?, observou João Alberto.

Os relatores vão, agora, notificar Serys, Suassuna e Malta, que terão o prazo de cinco sessões do Senado para apresentar defesa prévia. Na semana que vem, dia 5, será feita a primeira reunião do Conselho de Ética. ?Tem o bom e o mau político. Devemos estirpar de nosso meio o mau político. Se alguém errou tem de pagar?, afirmou João Alberto.

Serys Slhessarenko: PT-MT.

Demóstenes Torres já avisou que pretende convocar o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, um dos sócios da Planam, principal empresa do esquema de venda superfaturada de ambulâncias, para fazer uma acareação com os senadores envolvidos no escândalo. O Conselho também quer quebrar o sigilo bancário e fiscal dos três senadores e seus assessores.

O pedido de abertura de processo contra os três senadores só foi feito na semana passada. Antes, Renan Calheiros havia enviado ao Conselho de Ética uma denúncia contra os parlamentares, o que na prática, atrasava o andamento do processo em quase um mês. O Conselho se rebelou e mandou a denúncia de volta para o presidente da Câmara, exigindo que ela voltasse na forma de representação, o que permitiria a abertura imediata de processo.

Ministério da Agricultura descarta superfaturamento

São Paulo (AE) – O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento esclareceu ontem, em nota, que a Controladoria-Geral da União (CGU), na fiscalização por meio dos sorteios públicos, não detectou, até o momento, superfaturamento nas compras das patrulhas mecanizadas. As denúncias foram feitas pela página Congresso em Foco na internet (www.congressoemfoco com.br), em que uma pesquisa realizada pelo portal mostra que, dos 72 parlamentares acusados pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas de envolvimento com a máfia das ambulâncias, 32 apresentaram emendas individuais à pasta para a compra de patrulhas agrícolas.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), um dos sub-relatores da CPMI, pediu mais informações à CGU para saber se o esquema de fraudes também existiu na área de agricultura. Segundo Delgado, o que chamou a atenção foram as semelhanças na forma de apresentação das emendas para a aquisição de veículos e as destinadas à compra das patrulhas, além dos personagens serem os mesmos.

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