Congresso será desafio para presidente

Foto: Agência Senado
Lula enfrentou dificuldades no Senado. Se reeleito, elas  serão ainda maiores. Mas Alckmin, se eleito, também terá muito trabalho.

A menos de seis meses das eleições presidenciais brasileiras, analistas políticos e financeiros, reunidos em um seminário promovido nesta semana pela Câmara Brasil-EUA de Comércio, em Nova York, concluíram que independentemente de quem for eleito presidente, o avanço das reformas no Congresso será mais difícil. "Ninguém sabe quem vai ganhar a eleição," disse Alexandre Barros, diretor da consultoria Early Managing. "As últimas pesquisas eleitorais mostram que a base eleitoral de Lula não entendeu ou não está interessada nas acusações contra o PT e o presidente."

Christopher Garman, diretor para a América Latina da consultoria Eurasia Group, ponderou que devido à liderança nas pesquisas, Lula hoje é o favorito. "Mas se ele ganhar, seu segundo mandato sem (o ex-ministro da Fazenda) Antonio Palocci gera alguma preocupação", ressaltou. Garman afirmou que os mercados estão excessivamente otimistas com o Alckmin e excessivamente pessimistas com um segundo mandato de Lula. "Se Lula ganhar, ele terá dificuldade em manobrar o PT para o centro do espectro político. E se o Alckmin ganhar, o PSDB deverá ter menos votos no Congresso do que durante o governo Fernando Henrique Cardoso."

De acordo com Garman, a falta de uma bancada majoritária no futuro governo deverá dificultar a agenda de reformas pró-mercado iniciadas no governo FHC e continuadas durante a primeira fase do governo Lula. Ele diz que é preciso prestar atenção ao PMDB, maior bancada da Câmara, que para oferecer o apoio, sempre exige cargos relevantes na administração federal.

Para os analistas, a chance de que o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, assuma a liderança nas pesquisas está diretamente ligada à capacidade da oposição de manter o governo Lula na defensiva nos próximos três meses. "Segundo os últimos indicadores econômicos, o Brasil deve crescer entre 3,5% e 4% este ano, o que é uma boa notícia para Lula", disse Garman. "Portanto, a oposição deverá explorar a crise política, dizendo que os escândalos envolvendo o governo e o PT tornaram o governo ineficiente."

Populismo

John Welch, vice-presidente do departamento de estratégia soberana do banco de investimento Lehman Brohters, alertou para o risco de populismo. "Se Lula ganhar, aumenta a possibilidade de que ele torne-se mais populista e certamente sua capacidade de controlar o Congresso se tornará ainda mais difícil", advertiu Welch. Mas ele acrescentou que seria bem improvável "que a situação de 2002 se repita", referindo-se à crise cambial que antecedeu a eleição de Lula há quatro anos.

Apesar da subida do ex-governador carioca Anthony Garotinho (PMDB) na última pesquisa Datafolha, na qual apresentou 15% das intenções de voto, contra 20% para Alckmin e 40% para Lula, os analistas não acreditam que ele tenha chances de vencer as eleições. "O eleitorado brasileiro está cada vez mais descrente em relação a candidatos populistas como o Garotinho", disse Alexandre Barros. "Além disso, ele é visto como um político ineficiente e uma espécie de governador fantasma de sua esposa no Rio de Janeiro." (Congresso em Foco é um site independente especializado em política brasileira)

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