Congresso e Judiciário decepcionam brasileiros

Brasília – O Poder Judiciário, o Ministério Público e o Congresso Nacional lideram a lista das instituições menos confiáveis do Brasil, de acordo com pesquisa de opinião pública realizada no mês de setembro pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), com 1.700 entrevistas. Por outro lado, a igreja, a imprensa e a presidência da República foram consideradas as que mais merecem a confiança da população.

O principal motivo apontado pelos pesquisados para a desconfiança em relação ao Judiciário é o envolvimento de juízes em escândalos de lavagem de dinheiro, corrupção e tráfico de drogas. A credibilidade da Justiça, de acordo com 92% dos entrevistados, é afetada por escândalos como o que envolveu o juíz Nicolau dos Santos – do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo; o caso Banestado; denúncias de vendas de sentenças e assédio sexual praticado por juízes. Para 86% dos pesquisados, a reforma do Judiciário deve ser aprovada com urgência e 79% disseram acreditar que a reforma da Previdência não deve preservar os privilégios dos juízes.

Ao comentar os resultados da pesquisa, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Rubens Approbato, defendeu o controle externo do Judiciário. De acordo com Approbato, o controle poderá dar a transparência necessária ao poder: “O povo quer saber como que é o poder Judiciário e como funciona. Se os seus problemas internos são realmente apurados e decididos com justiça”, explicou.

O presidente da Ordem afirmou que a pesquisa mostra que o brasileiro não conhece a Justiça: “Isso é extremamente preocupante”, disse. Segundo Approbato, cabe ao judiciário se comunicar melhor com a população. “Sou totalmente a favor do controle externo do judiciário”. Rubens Approbato observou que é preciso efetivamente mostrar à população o que é o poder Judiciário. Approbato não quis usar o termo “caixa preta”, já empregado pelo presidente Lula para se referir ao Judiciário, mas reconheceu que não existe transparência e comunicação nas ações deste poder. “Escândalos como o do Juiz Lalau em São Paulo faz a população entender que todo o poder está contaminado. Os resultados da operação Anaconda devem agravar ainda mais a situação. Se a pesquisa fosse feita hoje a situação seria ainda mais grave”, alertou. Para o presidente da OAB, o poder Judiciário não pode mais ficar “fechado em si próprio”.

Segundo os resultados da pesquisa, o grau de confiança na igreja é de 74%; na imprensa, de 60%; na presidência da República, de 58%; na advocacia, de 55%; no Poder Judiciário, de 39%; no Ministério Público, de 37%; e no Congresso Nacional, de 34%.

Os dados indicam ainda que quase a totalidade dos entrevistados defendem que os advogados sejam revistados quando visitam seus clientes nas prisões. Além disso, cerca de 58% dos pesquisados disseram não concordar que advogados defendam criminosos confessos reicindentes. O número é comprovado pelo fato de 30% dos entrevistados observarem que desconfiam dos advogados por causa da corrupção e da desonestidade.

Diante dos resultados, Rubens Approbato defendeu a categoria. “A mídia tem feito uma conexão entre a prática do delito e o advogado que comparece aos presídios”, disse. O presidente da OAB explicou que a grande parte dos advogados faz o seu trabalho com ética: “Alguns é que deixam de ser advogados para ser criminosos e acabam manchando a dignidade profissional.”

A redução da idade penal para 16 anos é defendida por 89% dos entrevistados e mais da metade dos pesquisados (52%) se disse favorável à pena de morte para crimes hediondos.

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