O candidato derrotado a governador de Alagoas Fernando Collor de Mello (PRTB) afirmou hoje, em Maceió, que o governo federal foi um dos responsáveis pela derrota dele. Collor, que perdeu para o governador reeleito Ronaldo Lessa (PSB), disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso ligou para o presidente da Assembléia Legislativa do Estado, Antônio Albuquerque (PTB), pedindo que apoiasse o socialista. A assessoria de Albuquerque confirmou a informação.
O candidato derrotado do PRTB a governador de Alagoas afirmou que a votação dele – pouco mais de 400 mil votos – confirmou a determinação de continuar na vida pública e que pretende ser candidato a presidente, mas só depois de 2006. ?Minha votação foi os votos de boas vindas à política. Esse desejo de, em algum momento, voltar a disputar a Presidência eu tenho desde a renúncia?, afirmou Collor, que reclamou das comparações que a mídia nacional fez dele com o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes.
?Só pararam quando viram que a candidatura dele começou a crescer?, observou. Eleitor de Ciro no primeiro turno, ele disse que ainda não tem candidato para o segundo. Mesmo assim, ironizou os candidatos da Coligação Lula Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT-PL-PC do B-PCB-PMN), e da Grande Aliança, José Serra (PSDB-PMDB). ?Há duas versões do Lula: a anterior e a do Duda Mendonça (publicitário). Sinceramente, eu prefiro o Lula antigo ao Lula pasteurizado?, afirmou.
Collor disse que Serra não tem intimidade com os eleitores. ?O Serra tem uma incompatibilidade natural com o eleitor. Se fosse uma eleição de provas e títulos, seria eleito.? O candidato derrotado do PRTB a governador afirmou que a campanha, apesar de regional, foi nacionalizada. Collor criticou a imprensa por noticiar o suposto indiciamento dele por suposto envolvimento no caso do Dossiê Cayman e culpou o uso da máquina administrativa, como responsável pelo fracasso.
?Houve uma utilização despudorada tanto da máquina estadual, municipal e até federal. Além disso, o voto do bolso valeu muito e não foi só em Alagoas?, completou.
O governador reeleito de Alagoas afirmou que recebeu, numa solenidade, a ligação de Fernando Henrique e, depois de conversar com ele, passou o telefone para Albuquerque, que estava ao lado.
Collor afirmou que ficará, definitivamente, no Brasil, especialmente no Estado, onde pretende liderar uma frente de oposição ao governo Lessa e à prefeita de Maceió, Kátia Born (PSB), não descartando a possibilidade de usar a influência na vida política nacional. Apesar disso, o candidato derrotado do PRTB não tem hoje grandes aliados de Alagoas no Congresso. Os senadores reeleitos Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL) e Renan Calheiros (PMDB-AL) são adversários de Collor e, dos noves deputados federais eleitos, apenas três o acompanharam na última eleição.