CNBB se desencanta com esquerda

Brasília (AE) – O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Odilo Scherer, afirmou ontem que, apesar de haver um clima de desencanto no País em torno do governo, movimentos sociais não se jogarão ?nos braços da direita?. Ao participar do lançamento da ?Assembléia Popular: Mutirão por um Novo Brasil?, um encontro de três dias com representantes de mais de 40 movimentos, em Brasília, Scherer adotou um discurso em que a tônica era o aumento da participação da sociedade na vida pública, que deveria vir acompanhada de uma reforma política. ?Se a esquerda não resolve, a sociedade é que vai resolver. Precisamos de uma reforma em que a sociedade tenha maior participação?, afirmou.

D. Odilo avalia que, ao longo da Assembléia Popular, haverá críticas contra a administração federal. ?Há uma advertência dos movimentos sociais, mas não interpreto como um movimento de ruptura.? Para ele, tais manifestações são bem-vindas e representam uma advertência de que as ações do Poder Executivo são ineficientes. ?Trata-se de uma manifestação normal de seus anseios.?

Integrantes de grupos sociais deram mostras de que haverá um esforço para tornar o clima das discussões mais ameno, sem particularizar questões. ?Claro que queremos que os envolvidos nos escândalos sejam mandados para a cadeia, e o dinheiro devolvido?, afirmou a ativista Sandra Quintela, do Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul. ?Temos de sair do discurso fora FHC, fora Sarney, fora Itamar?, disse, sem se referir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O bispo de Jales, no interior de São Paulo, d. Demétrio Valentini, integrante da coordenação nacional da assembléia, manteve o tom. D. Demétrio afirmou que a crise desencadeou nos movimentos populares unidade e interesse em assuntos mais amplos. ?Não podemos ficar contagiados com questiúnculas. Temos de buscar oxigênio?, afirmou. ?E partir para uma visão não-departamentalizada.?

As críticas dele foram concentradas ontem no ?imobilismo? do Congresso, que, na avaliação dele, passou por quatro meses dedicado a investigações e deixou de lado assuntos vitais do País, como reforma agrária, terra e água. Para d. Demétrio, entre os temas importantes do encontro, estão discussões ecológicas e dívida externa.

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