CNBB: governo Lula consolida anemia crônica

Brasília – A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em sua “Análise da Conjuntura”, critica o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que os indicadores macroeconômicos “gozam de boa saúde enquanto os indicadores sociais sofrem de anemia crônica”. A entidade condena o contraste entre o lucro recorde dos bancos e o aumento da “multidão dos despossuídos; entre a concentração da terra, da riqueza e da renda e o aumento de favelas; entre a inflação baixa e a diminuição do consumo”.

O presidente da CNBB, dom Geraldo Majella Agnelo, disse que “essa constatação é tão evidente que concordamos com ela”. O documento que revela que há um “contraste entre o lucro recorde dos bancos e o aumento da multidão dos “sem” ou despossuídos; entre a concentração da terra, da riqueza e da renda e o aumento de favelas; entre a inflação em baixa e a diminuição do consumo; entre as “casas fortaleza”, com sofisticados sistemas de segurança, e a violência das ruas, que converte os cidadãos em reféns de seus adolescentes e jovens. Em poucas palavras, os indicadores macroeconômicos gozam de boa saúde, ao passo que os indicadores sociais sofrem de anemia crônica. De modo particular, sobe o desemprego e cai a renda média dos trabalhadores”.

Diz ainda que a administração do PT “é um governo de alianças com interesses diversos”, apesar de reconhecer que o partido tem um compromisso com as mudanças. O vice-presidente da CNBB, dom Antônio Celso Queiroz, entretanto, considera seis meses um tempo curto para fazer uma avaliação do governo e vê que algumas mudanças importantes foram realizadas.

“Há indicadores claros de que algo novo está em marcha, como programas da agricultura familiar e do primeiro emprego. São pequenos brotos que anunciam que sementes novas vêm por aí”, afirma. Sobre a taxação de inativos na reforma da Previdência, a CNBB defendeu a medida como emergencial. Segundo dom Celso, “há aposentados que são verdadeiros marajás”. “Não se pode recorrer a direitos adquiridos quando se há abusos visíveis”, afirma.

Dom Agnelo defende a abertura dos documentos sobre a Guerrilha do Araguaia em poder do governo, afirmando que a verdade deve prevalecer. Esta semana, a Advocacia Geral da União recorreu da decisão judicial que determinava a abertura dos arquivos do Exército para as famílias. “O Evangelho diz que a verdade, somente a verdade, nos libertará. Os documentos que possam esclarecer devem ser do conhecimento de todos”, diz a CNBB.

A CNBB critica os programas dos ministérios da Saúde e da Educação de distribuição de preservativos nas escolas públicas. A nota diz que a CNBB apóia campanhas educativas “e não simplesmente a mera distribuição de preservativos”.

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