Clima na Câmara é de impunidade

Brasília (AE) – Depois da absolvição de mais dois deputados acusados pela CPMI dos Correios de participarem do chamado esquema do mensalão, parlamentares governistas e de oposição já admitem que mais ninguém deve ser cassado por conta dessas denúncias. Na noite de quarta-feira, os deputados Wanderval Santos (PL-SP) e João Magno (PT-MG) foram absolvidos, elevando para sete o número de parlamentares envolvidos no escândalo que acabaram mantendo seus mandatos na votação do plenário da Câmara. ?O governo mobiliza sua máquina para absolver seus aliados e o clima de investigação do mensalão já esfriou?, reconhece o deputado tucano Luiz Carlos Hauly (PR).

A Câmara cassou, até agora, apenas três parlamentares: José Dirceu (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Pedro Correa (PP-PE). Outros quatro renunciaram para escapar da punição: Valdemar Costa Netto (PL-SP), Bispo Rodrigues (PL-RJ), José Borba (PMDB-PR) e Paulo Rocha (PT-PA). Mas sete dos acusados pela CPI já salvaram seu mandato graças ao voto: Sandro Mabel (PL-GO), Romeu Queirós (PTB-MG), Pedro Henry (PP-MS), Professor Luizinho (PT-SP), Roberto Brant (PFL-MG), além de Wanderval Santos e João Magno.

Ainda estão na fila de julgamento os deputados João Paulo Cunha (PT-SP), José Mentor (PT-SP), Vadão Gomes (PP-SP), além de José Janene (PP-PR), afastado dos trabalhos da Câmara há vários meses, alegando problemas de saúde, e que tem seu futuro indefinido por conta dessa questão. ?Do jeito que está, não sei o que prever para essas votações?, diz Maia.

O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), atribuiu ao baixo quórum da sessão de quarta-feira a absolvição de Wanderval e João Magno. Para Izar, se não houvesse tantos parlamentares ausentes da votação, eles poderiam ter sido cassados. Na votação de Wanderval, estavam fora 69 dos 513 deputados. Na de João Magno, o número foi maior ainda, com 87 ausentes.

Ética vota pela cassação de Mentor

Brasília (AE) – O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara rejeitou ontem o parecer que recomendava o arquivamento do processo contra o deputado José Mentor (PT-SP), com a maioria do colegiado, 8 contra 6, opinando pela cassação dele. Um novo parecer recomendando a perda de mandato será elaborado até a próxima semana pelo deputado Nelson Trad (PMDB-MS). Os deputados Júlio Delgado (PSB-MG) e Carlos Sampaio (PSDB-SP) usaram o depoimento do sócio do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, Rogério Tolentino, prestado à CPMI) dos Correios, para argumentar contra o parecer do relator, Edmar Moreira (PFL-MG), que pediu a absolvição do petista.

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