Ciro vai ao TSE contra Serra e Lula

Brasília

– Acuado pelos ataques de José Serra (PSDB), o candidato Ciro Gomes (PPS) recorreu ontem ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com representações contra os seus dois principais adversários na sucessão: Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), e o próprio Serra. Contra Lula, Ciro questionou o fato de o candidato adversário ter aparecido na propaganda eleitoral destinada ao cargo de governador do Ceará pedindo votos para José Airton, da Coligação Ceará Diferente, o que, segundo o presidenciável do PPS, contrariou a lei eleitoral.

Na representação, Ciro pediu ao TSE que a Coligação Ceará Diferente perca o tempo correspondente à propaganda irregular transmitida. A advogada Janaína Peres Pena, que assinou a representação, disse que o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará pode requisitar as planilhas das inserções destinadas ao candidato a governador e a deputado federal no Estado, transmitidas nos dias 23 e 25 de agosto, para saber quantas foram ao ar.

Ciro Gomes também entrou, no inicio da tarde de ontem, com uma reclamação para que as inserções do candidato José Serra tenham identificação de que se trata de programa eleitoral, para que o telespectador ou ouvinte de rádio não seja levado a crer que se trate de matéria jornalística da programação normal de rádio e televisão. O pedido de Ciro Gomes, que em todas as pesquisas de intenção de voto divulgadas esta semana perdeu, sensivelmente, terreno para Serra, será examinado pelo ministro substituto Caputo Bastos.

Ciro também acusou Serra de “mentir” e apresentar propostas “mirabolantes” para o País. Apesar de afirmar que não vai atacar adversários, ele também disse que o candidato do PSDB usa o horário eleitoral gratuito “de forma clandestina, covarde e ilegal, sem assinatura, para agredir pessoas com manipulações”, referindo-se às imagens em que Ciro chama um eleitor de “burro”, exibidas em programas de Serra. Ciro também criticou Serra, por acusá-lo de ser “tudo que há de mais antigo e atrasado com embalagem nova para presente” e que a coalizão trabalhista tem experiência apenas em se manter no poder e bloquear mudanças.

“O senador José Serra está quase merecendo uma resposta inteira, mas vou dar uma meia-resposta. Ele (Serra) não pode apagar a história e mentir despudoradamente. Eu fui o primeiro governador eleito pelo PSDB, fui ministro da Fazenda pelo PSDB, partido dele, e fui prefeito da capital do Ceará. Ele, para ser líder do PSDB na Câmara, precisou do meu apoio porque não tinha um voto.” Segundo o candidato, Serra “faltou com a verdade” quando propôs a criação de 8 milhões de empregos e 6 milhões de casas populares. A proposta de criar 8 milhões de postos de trabalho, segundo ele, é uma “humilhação para os milhões de brasileiros que estão nas ruas pedindo empregos”.

Serra, também no Rio de Janeiro, rebateu prontamente as críticas, dizendo que é Ciro quem tem um programa absurdo. “O Ciro tem uma proposta sobre o regime da previdência que é uma verdadeira loucura, esse tal regime de capitalização que ele nem sequer sabe explicar. Nós vamos criar oito milhões de empregos, sim, e sabemos como”, disse Serra.

Apesar de afirmar que não atacará outros candidatos em seu programa eleitoral, Ciro lembrou o caso do ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira, que trabalhou na coleta de recursos para campanhas de Serra e é acusado de cobrar propinas durante o processo de privatizações. “O que acrescentaria se eu fosse usar esse espaço na TV para reverberar coisas que são públicas. O caso Ricardo Sérgio, por exemplo, é público”, disse.

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