Chefe da máfia revela provas das propinas a parlamentares

Foto: Arquivo/O Estado

Luiz Antonio Vedoin: provas incriminam pelo menos 54.

Em depoimento à Justiça Federal de Mato Grosso, o empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin, um dos donos da Planam, principal empresa do esquema dos sanguessugas, apresentou provas incriminando 54 parlamentares, que teriam recebido propina em troca de apresentação de emendas ao Orçamento para compra superfaturada de ambulâncias. A informação é do vice-presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), ao fazer um balanço do envolvimento dos 105 parlamentares apontados por Vedoin como integrantes da máfia das ambulâncias.

Segundo Jungmann, Vedoin afirmou em depoimento à Justiça que pagou propina a 94 parlamentares. Desses, 40 teriam sido pagos com dinheiro em espécie, ao vivo – não há provas que os incriminem. ?Aquilo que não foi feito em dinheiro, em cash, está documentado, tem comprovante?, afirmou Jungmann. Os outros 54 parlamentares teriam recebido a propina de três formas: 34 por meio de depósitos na conta bancária de assessores, 10 na própria conta corrente e 5 na conta corrente de familiares – 3 são de mulheres de congressistas.

No depoimento, Vedoin explicou que cinco parlamentares teriam recebido benefícios da quadrilha, como um carro da marca BMW, viagem e até um apartamento flat. Segundo Jungmann, outros 11 parlamentares também teriam se beneficiado financeiramente, mas Vedoin não especificou no depoimento como se deu o pagamento. ?O sentimento de impunidade beira a negligência, escárnio, desrespeito. Ao ler com profundidade o depoimento, dá um sentimento de depressão e vergonha?, lamentou o deputado.

Ele anunciou que proporá a divulgação dos 105 nomes citados por Vedoin no depoimento. ?É injusto que 57 parlamentares já estejam com seus nomes nas ruas e outros permaneçam no anonimato?, argumentou Jungmann. O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra 57 parlamentares. Eles foram notificados pela CPMI para apresentar a defesa por escrito.

A comissão de inquérito ainda não cruzou os nomes dados por Vedoin e a lista enviada pela Procuradoria da República. Mas de acordo com Jungmann, o número de parlamentares envolvidos pode ser superior a 105, uma vez que existem nomes na lista do Ministério Público (MP) que não foram citados por Vedoin.

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